"Os bancos credores da Novonor (antigo grupo Odebrecht) não desistiram de levar adiante seu plano para assumir as ações da Braskem, mesmo frente ao interesse manifestado na sexta-feira, 23, pelo empresário Nelson Tanure em adquirir fatia do controle da petroquímica. Um acordo de exclusividade foi anunciado pela Braskem, como controlada da Novonor, que trouxe Tanure para a mesa. Entretanto, 'os bancos não deram exclusividade a ninguém', disse uma fonte a par do assunto. Ontem, 26, houve conversas com alguns dos cinco bancos que têm essas ações. Tanure não mostrou, entretanto, uma proposta, e a ideia é ouvi-la de qualquer maneira, disseram duas fontes.
Afinal, eles seguram essas ações dadas em garantia a empréstimos concedidos para o grupo há muitos anos, antes de a Odebrecht entrar em recuperação judicial, o que aconteceu em 2020. A dívida da Novonor com os bancos já alcança R$ 19 bilhões, segundo apurou a Coluna. A companhia inteira vale cerca de R$ 9 bilhões na Bolsa. Suas ações da Braskem chegaram a subir perto de 10% com a notícia da chegada de Tanure na sexta-feira.
Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) pretendem recuperar o valor de mercado da companhia para sair em um melhor momento da posição em Braskem. O longo processo de venda da fatia da Novonor na Braskem paralisou algumas das estratégias de transformação e expansão da companhia.
A IG4 já havia participado da primeira rodada de busca de potenciais gestoras, mas a escolha foi pela Geribá, que se retirou do caso por conflito de interesse, relacionado a um litígio de uma empresa de petróleo contra a Petrobras. A Lumina, gestora de Daniel Goldberg, também participou do processo anterior e outros nomes comentados no mercado são Reag e BR Partners.
Se vencer a batalha contra os bancos, que vai se desdobrar sobre preço e as condições de pagamento desse passivo, a conversa de Tanure migra para a Petrobras, que vai exigir o co-controle.
Ontem, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a Braskem é um ativo muito importante para a companhia e que a petroleira não largará “de jeito nenhum” a petroquímica. Chambriard disse ainda que a petroquímica tem hoje uma questão societária para a Petrobrás, que precisa ser abordada. 'A proposta do Tanure vem na direção dessa solução, como também uma movimentação dos bancos no passado vinha em torno dessa solução', afirmou.
Procurados, os bancos e as gestoras não comentaram."
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