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"Brasil caminha para se tornar um narcoestado", diz promotor do Gaeco

Em 27 de Setembro de 2025 às 16:00
Texto de José Maria Tomazela:

"A execução do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, é mais um capítulo da força do crime organizado no País. Se não frear a escalada das facções, o Brasil corre o risco e se tornar um país dominado pelo tráfico de drogas, alerta o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o Primeiro Comando da Capital (PCC) há cerca de 20 anos.

A polícia ainda investiga o atentado contra Ferraz Fontes, mas já identificou dois dos seis suspeitos - um deles têm ligação com o PCC. A vítima foi fuzilada em uma emboscada na segunda-feira, 15, em Praia Grande (SP), onde era secretário-municipal.

Com cerca de 40 anos de carreira na Polícia Civil, o ex-delegado-geral foi o responsável pelo indiciamento de Marcola, líder máximo do PCC, nos anos 2000. Ele havia se aposentado da corporação havia dois anos.

'Isso é a falência do Estado. O Brasil caminha a passos largos para se tornar um narcoestado, se nada for feito. Não quero ser um profeta do apocalipse, mas não dá para ser muito otimista', disse Gakiya, membro do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) do Ministério Público Estadual.

Um narcoestado é um país onde as instituições são infiltradas pelo poder e pela riqueza de organizações de tráfico de drogas, resultando na corrupção de agentes públicos e na influência do crime organizado em políticas governamentais.

Gakiya compara a execução do ex-policial ao ataque do PCC contra o delator Vinícius Gritzbach, em novembro de 2024, no Aeroporto de Guarulhos.

'Embora os executores fossem policiais militares cooptados, tinha o envolvimento do PCC no crime de mando, porque ele era jurado pelo PCC', afirmou o promotor.

'O que precisa entender é que o PCC escalou, é uma organização criminosa que já saiu dos muros do sistema prisional. Não é mais uma facção de prisão, já ganhou as ruas', acrescentou.

Segundo Gakiya, que acompanha a investigação sobre o caso, um dos suspeitos já esteve no sistema prisional e é vinculado ao PCC. Ele ressalva que o envolvimento da facção na execução ainda precisa ser confirmado pela investigação..."

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