Polícia

Caso Marcelo Leite: advogado de PMs diz que inquérito contrariou resultado da perícia

Theo Chaves | 07/02/23 - 14h24
Foto: Theo Chaves/TNH1

O advogado de defesa dos seis policiais militares do 3° Batalhão envolvidos na abordagem que vitimou com um tiro de fuzil o empresário Marcelo Leite, em Arapiraca, no último dia 14 de novembro, criticou a decisão dos delegados em indiciar dois policiais e disse que o inquérito, que foi concluído nesta terça-feira (07), contrariou resultados da perícia.

Em entrevista ao TNH1, o advogado Napoleão Júnior, que está à frente da defesa dos PMs, relatou que a reprodução simulada deixou claro a possibilidade de ser visualizada uma arma de fogo dentro do carro do empresário e que o laudo técnico não foi levado em conta pelos delegados.

"Tivemos uma perícia técnica que diz ser possível visualizar uma arma de fogo dentro do carro do empresário. Também tivemos depoimentos homogêneos de todos os militares envolvidos na abordagem ao Marcelo. Mesmo assim os delegados resolveram pedir prisão preventiva de dois PMs e ainda indiciá-los por fraude processual. Isso não condiz com o que foi levantado pela perícia, pela reprodução simulada. As investigações contrariaram todo o trabalho da perícia", explicou o delegado.

Napoleão ainda disse vai pedir um Habeas Corpus para que os dois PMs, que tiveram a prisão preventiva pedida pelos delegados, possam responder em liberdade. "Vamos impetrar um Habeas Corpus de Salvo Contudo para que os dois policiais possam responder em liberdade. Todos os policiais envolvidos na abordagem ao empresário sempre contribuíram para o trabalho da Polícia Civil e se prontificaram a esclarecer todo o caso. Portanto, não vejo sentindo nesse pedido de prisão preventiva feito pelos delegados", acrescentou.

Policiais são indiciados - A Polícia Civil de Alagoas concluiu o inquérito do 'Caso Marcelo Leite' e deu os detalhes em uma coletiva à imprensa no início da tarde desta terça-feira (07), na sede da Delegacia Geral, no bairro de Jacarecica. Com a conclusão das investigações foi pedida a prisão preventiva de dois policiais militares que participaram do assassinato do empresário, em Arapiraca. 

"Além de responder pelo homicídio na modalidade dolosa, o comandante da guarnição também será indiciado por fraude processual, por causa de uma provável implantação da arma de fogo na cena do crime", disse o delegado geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier. 

O coordenador da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), delegado Igor Diego, deu detalhes sobre o entendimento da comissão de delegados, para a conclusão do inquérito. "Essa comissão entendeu que a arma de fogo nunca existiu dentro do veículo do condutor Marcelo Leite. Ela teria sido colocada no veículo logo após os disparos. Essa arma de fogo teria sido necessária para simular uma legítima defesa [por parte dos policiais]. Essa conclusão se deu após ouvirmos as testemunhas que estavam em frente ao 3º batalhão, e que visualizaram a ocorrência, bem como o atendimento à vítima; e também com o depoimento de familiares dizendo que Marcelo Leite nunca possuiu arma de fogo, nem apoiava essa ideia; bem como após o laudo da reprodução simulada", explicou Igor Diego.