Polícia

Caso Roberta Dias: "investigação é falha e polícia tinha confissão de acusado há dois anos", diz Sindpol

07/05/18 - 13h19
Larissa Costa/ TNH1

“Acusação aos policiais civis não tem qualquer fato probatório”. A fala foi do advogado do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol/ AL) durante coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira (07), na sede do órgão, sobre o caso de Roberta Dias, desaparecida desde abril de 2012.

O inquérito aberto há seis anos aponta três policias civis como suspeitos de participação do crime, identificados como sendo Carlos Bráulio, Gledson Oliveira e Welden.

No entanto, nos últimos dias, veio à tona um áudio de 43 minutos vazado do laudo da perícia produzida pela Polícia Federal sobre o desaparecimento. O material mostra uma conversa em que um homem admite ter ajudado o pai do filho de Roberta Dias a assassiná-la, não tendo relação alguma com os agentes civis.

“A investigação tem erros absurdos. É preciso que fique explícito o motivo e a forma como aconteceu o crime, mas não consta nada disso no inquérito. O áudio é crucial, porque evidencia os verdadeiros autores”, disse Welton Roberto, advogado do Sindpol. 

(Roberta Dias desaparecida há seis anos. Crédito: arquivo)

O Sindpol salientou que o áudio está sob posse há dois anos da comissão que investiga o caso. “Desde 2016 o áudio é de conhecimento dos delegados. Queremos saber quem está por trás da proteção ao assassino confesso?”, indagou Welton.

Em entrevista à TV Pajuçara na última sexta-feira, dia 4, a delegada Maria Angelita, que faz parte da comissão que investiga o caso, sustentou que o material revelado não foge totalmente do que a Polícia Civil já estava apurando e que podem ter mais autores envolvidos no caso, além dos três policiais.

"Temos que ter responsabilidade, porque o laudo é apenas um ponto da investigação. Podem haver mais autores, mas não podemos revelar se o desaparecimento tem a ver com as pessoas que aparecem no áudio; precisamos de mais elementos para sustentar a ação penal”, salientou a delegada.

“Estamos próximos de finalizar o inquérito que segue em segredo de justiça. Os citados nos depoimentos de testemunhas e em todo material que compõe o inquérito continuam sendo investigados, inclusive, os policiais civis citados em outras oportunidades como autores”, finalizou Maria Angelita.

COMISSÃO AVALIARÁ DENÚNCIAS

A comissão composta pelos delegados Cícero Lima, Maria Angelita, Rodrigo Sarmento e Ana Luiza Nogueira passou por mudanças desde o início do inquérito. Apenas o delegado Cícero Lima continua no grupo, desde a abertura do inquérito, coordenando os trabalhos de investigação.

O delegado geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, informou por meio da assessoria de comunicação que irá se reunir com a comissão de delegados do caso para ver como está o andamento do inquérito e, depois disso, dará uma posição sobre as denúncias do Sindpol. Compõem a comissão os delegados Cícero Lima, Maria Angelita, Rodrigo Sarmento e Ana Luiza Nogueira.

O caso:

Roberta Costa Dias, 18 anos, desapareceu quando saiu de casa com destino ao posto de saúde da cidade, onde faria exame pré-natal. A jovem estava grávida de um colega de escola, cuja família não aceitava o relacionamento. Os pais de Roberta chegaram a oferecer recompensa de R$ 5 mil para quem fornecesse informações que levassem ao seu paradeiro, mas o corpo jamais foi localizado.