Circo contemporâneo do Panamá, com alagoana no elenco, nos 200 anos de Maceió

Dezembro é o mês de comemoração dos 200 anos de Maceió. Desde novembro a Prefeitura tem promovido diversas atividades para comemorar o bicentenário da capital alagoana. A programação conta diversas atividades entre apresentações culturais, palestras e inaugurações.

Dentro dessa gama de atividades está a apresentação internacional do grupo de circo contemporâneo La Tribu Performance, do Panamá. O grupo trará o espetáculo “Pisando as Nuvens”, nos dias 19 e 20 de dezembro, na Praça Dois Leões, em frente ao Museu da Imagem e do Som (Misa), no Jaraguá.

Serão 11 artistas que desembarcarão em Maceió, no próximo dia 07. Com integrantes da Espanha, Itália, Austrália e de alguns países da América Latina, inclusive do Brasil, como a alagoana Lisete Farias, que está na companhia desde 2006.

O espetáculo

Em entrevista ao TNH1, via Skype, Lisete disse que o espetáculo “Pisando as Nuvens” é a realização de um sonho. “Desde que eu saí do Brasil, sempre tive a vontade de voltar para fazer um trabalho em Alagoas e essa oportunidade veio em uma data simbólica, os 200 anos de Maceió”.

Ela explica que a apresentação será montada em Maceió e é baseada em uma primeira experiência do grupo realizada no ano passado, no Panamá.

“A ideia conceitual é intervir no espaço urbano, dando valor ao patrimônio histórico, por meio do circo contemporâneo. É valorizar os bens materiais que estão sendo desgastados pelo tempo e que precisam ser revitalizados e valorizados pela população”, disse.

Lisete acredita que a atração chamará a atenção do público alagoano, pois além do circo contemporâneo, outras linguagens artísticas irão ser incorporadas. A tecnologia também será um ponto forte, pois o grupo usará o trend mapping (projeção em três dimensões), uma tecnologia nova dentro das artes cênicas.

“Esse é um tipo de espetáculo inédito em Maceió, desde o sentido dessa mistura de artistas, quanto ao formato. Além do circo contemporâneo, a gente também está misturando outras formas de arte como o teatro, música e integrando grupos locais como o Coletivo AfroCaeté, nosso parceiro no projeto, e outros artistas alagoanos que serão convidados”.

Com direção do coreógrafo australiano Rob Tannion e produção local de Adriana Manólio, “Pisando as Nuvens” terá três exibições em praça pública e foi viabilizado pelo fundo Iberescena 2015. Essa será a primeira vinda da trupe panamenha ao Brasil.

A artista

Antes de fixar residência em solo panamenho, Lisete Farias percorreu o Brasil e quase toda a América Latina. Antes de se aventurar no mundo do circo, foi estudante de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde teve contato com um grupo de palhaços itinerantes.

“Eu nunca fui de pensar que o meu sonho era ser palhaça ou trabalhar no circo. Eu queria me formar e virar acadêmica, mas como sempre gostei de cultura, eu promovia eventos estudantis pelo Centro Acadêmico de Filosofia e sempre recitava poesias. Foi em um desses eventos que conheci alguns artistas do Grupo Tal, de palhaços trovadores”.

Após ser convidada para participar do grupo, Lisete passou um tempo conciliando as atividades acadêmicas e artísticas. Com o tempo, o lado artista ganhou a disputa.

“Eu iniciei me apresentando em bares e restaurantes e logo viajamos para o Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo. De volta à Maceió, eu e um companheiro fundamos juntos a Dupla Circo Teatral BomQSó e montamos a peça ‘A Magia da Leitura’”.

A peça foi apresentada pelo Brasil e em mais sete países da América Latina até chegar ao Panamá, onde conquistou grande repercussão. O espetáculo conquistou dois prêmios da Associação Mundial de Jornalismo em 2006 e 2007, em Paris. Devido a isso, Lisete decidiu fixar residência na Cidade do Panamá, capital do país.

“A ideia era fazer uma viagem por toda América Central e em todos os países nós chamávamos a imprensa. Quando a gente chegou no Panamá, escrevemos para a ‘revista Aprendo‘, que é do jornal mais lido daqui. Eles ficaram encantados e um dia a diretora do jornal viu o espetáculo e disse era aquilo que ela estava procurando”.

“Essa foi uma peça lindíssima que deu supercerto e com ela participamos de vários festivais. O tema era todo de motivação a leitura. Era superlúdica, era para a família inteira, não só para crianças. Com ela ampliamos toda a parte circense que até hoje não para”.

O projeto durou seis anos até a dupla se separar. A partir daí, além do trabalho com o grupo La Tribu Performance, ela continuou com o espetáculo solo “Viagem Lectoespacial”, que já dura quatro anos.

O grupo

O grupo La Tribu Performance foi fundado em 2003 e é o primeiro grupo de circo contemporâneo fundado no Panamá. Apesar de já terem feito outras apresentações internacionais, essa será a primeira apresentação no Brasil.

O grupo funciona em um espaço chamado Quarto Vermelho, onde também funciona o projeto social Fundacion Escena Circo, que promove oficinas para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Por ano, o projeto chega a alcançar cerca de 3 mil crianças e jovens.

“A gente tem o pensamento de que o artista precisa ter a consciência de que ele pode influenciar na parte social e cultural do meio onde está inserido. Uma forma de levar uma mensagem positiva é por meio da arte”, acredita Lisete.

Outra característica da companhia é a diversidade de nacionalidades. “O grupo tem eu do Brasil, tem dois colombianos, uma italiana, um venezuelano e os panamenhos, são várias nacionalidades unificadas nesse projeto”.

Apesar da experiência dos artistas, Lisete confessou que todos estão ansiosos para chegar à Maceió e comemorar junto com seus conterrâneos os 200 anos da cidade. “Creio que todos gostarão. A mensagem do espetáculo é altamente positiva para as pessoas. É a de que continuem sonhando, pois é possível realizar os nossos sonhos”, concluiu.

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*Estagiário sob supervisão da editoria

Fonte: Fotos e vídeos: La Tribu Performance