Saúde

Covid: imunologista que lidera pesquisas prevê vacina para o próximo ano; ouça

Redação TNH1 | 27/06/20 - 07h02
Reprodução/Redes Sociais

O imunologista baiano Gustavo Cabral foi o escolhido para estar à frente de uma pesquisa da vacina contra a covid-19 no Brasil. Com uma trajetória de vida que inclui superação e determinação, ele tem pós-doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra e em Berna, na Suíça. 

Gustavo Cabral voltou ao Brasil este ano, pouco antes da pandemia do coroanvírus. Na manhã desta sexta-feira (26), ele concedeu uma entrevista à Pajuçara FM Maceió e Arapiraca e conversou sobre o andamento das pesquisas e sobre em que fase o estudo sobre a vacina está. Ouça a entrevista na íntegra no final da matéria.

"As pessoas precisam entender que não podemos queimar etapas, porque lá na frente isso pode trazer complicações. Estamos trabalhando com um vírus novo e isso dificulta o avanço. Formular uma vacina não significa também que ela vai já estar pronta para ser aplicada em seres humanos. Mesmo assim, precisamos ser muito cuidadosos", explicou o cientista.

Gustavo Cabral lembrou que outros países do mundo já estão com estudos e estruturas mais avançadas e devem lançar primeiro as vacinas. "Se tudo der muito certo, a nível mundial, no primeiro semestre do ano que vem espera-se ter essa vacina dos países que estão à frente nos estudos. Mas isso se tudo der perfeitamente certo. Para esse ano é muito difícil", disse.

Ele explicou ainda que mesmo que algum desses países saia na frente e lance uma vacina, é muito importante que o Brasil lance também a sua, até porque a corrida em torno da imunização envolve também muita habilidade e negociação financeira. 

"A vacina e a imunidade não vão depender apenas de anticorpos. Eles não são únicos dentro do sistema inunológico. Quando se desenvolve a vacina, temos que pensar na efetividade de anticorpos, mas também temos que pensar em outros componentes", disse Cabral. 

"A melhor vacina nesse momento é o isolamento social. A gente pede a todo mundo equilíbrio e cooperação, para não gerar nenhum pico louco. Os estudos estão caminhando bem, mas é preciso continuar com equilíbrio e cooperação. A gente tá conseguindo avançar em muita coisa, mas é preciso manter o isolamento", frisou o imunologista.

Questionado sobre o que acredita que seja liberado primeiro: a vacina ou um remédio para a Covid-19, Gustavo Cabral explicou que uma coisa não interfere na outra. "A medicina trabalha na parte observacional e já tem vários estudos em desenvolvimento sobre os medicamentos eficazes. No geral, os medicamentos devem surgir primeiro do que as vacinas para o coronavírus", ressaltou. 

 Antes da pesquisa voltada para o coronavírus, Gustavo Cabral estava dedicado a desenvolver uma vacina contra a zika e a chikungunya. E ele disse que o foco para essas duas soluções deve voltar em breve também.