O ex-deputado federal Deltan Dallagnol criticou hoje a interpretação que agora está sendo dada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e do governo federal sobre a delação premiada, que foi desconsiderada em relação à Operação Lava Jato e e foi utilizada agora, na apuração dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.
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Pelo Twitter, Deltan, que atuou como procurador federal na Lava Jato, até ironizou a mudança de entendimento:
“Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?”.
Deltan Dallagnol aproveitou para compartilhar artigo do secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, de outubro de 2014, no jornal “Folha de São Paulo”, em que ele defende o fim da delação premiada.
“A delação, ao contrário do que certo ‘advogados’ propagandeiam, não tem sido uma opção voluntária do acusado. A caguetagem na prática é uma imposição, uma coação legitimada por juízes e promotores que, antes de oferecerem a ‘benesse’, impingem ao cidadão uma série de atrocidades. Antes da delação vem a prisão ilegal, antes da prisão ilegal vem a condução coercitiva ilegal, antes dela, muitas vezes, vem a interceptação telefônica ilegal, e por aí uma série de ilegalidades. Quando uma prisão (ilegal) finalmente é consumada, aí começa a tortura. Não, aqui não uso uma figura de linguagem. A tortura ocorre, sim, tanto psicológica quanto física. Ameaçam o preso com a prisão (mais ilegal ainda) de seus familiares, ameaçam o preso com transferências arbitrárias de unidade prisional, ameaçam o preso com manchetes de jornal declarando não sei quantos anos ele pegará de cadeia caso não ceda e revele fatos que sabe, ou que muitas vezes não sabe, mas ouviu dizer –ou mesmo supostos fatos que não passam de deslavadas mentiras”, escreveu o secretário.
O atual ministro da Justiça, Flávio Dino, levou em consideração, no Caso Marielle Franco, que deve prevalecer a delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz na qual garantiu que Ronnie Lessa foi o autor dos disparos contra a vereadora do Rio de Janeiro.
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