Política

Delator do mensalão, Funaro é conhecido por ser ‘explosivo’

02/07/16 - 11h15
Reprodução

Conhecido anos atrás como o delator do "mensalão", o corretor Lúcio Bolonha Funaro ficou conhecido não só por ter dado delação, quando ela não era usual, mas também por ser considerado uma bomba-relógio. Sua prisão, ocorrida nos últimos dias, acionou uma espécie de tique-taque que pode resultar em revelações capazes de respingar em muita gente.

As relações de Funaro não são poucas. Ele é apontado não só como operador de Eduardo Cunha, mas de todo o PMDB. Teria sido não apenas intermediário de esquemas de empréstimos na Caixa por meio do FI-FGTS, fundo mantido com recursos do FGTS, mas participado da organização do esquema de cobrança de propina com o fundo, segundo conta o ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto, em sua delação.

O advogado de Funaro, Daniel Gerber, diz que não teve acesso aos autos do processo de prisão, mas alega a inocência de seu cliente Segundo ele, o contador teria dados para desmontar as acuações.

Gerber também nega que haja qualquer acordo prévio ou negociação para uma delação de Funaro com a Procuradoria-Geral da República. Mas o próprio advogado não descarta a possibilidade. Em entrevista aoEstado, precavido, declarou: “De antemão, peço desculpas para o caso de mudar de posição daqui a uma semana”.

Funaro foi preso ontem, mas já na segunda-feira falava a interlocutores da possibilidade de a Polícia Federal bater à sua porta. Dava sinais, segundo pessoas próximas, de que a depender do curso dos acontecimentos poderia repetir a receita do passado e fazer uma delação. O corretor é conhecido por seu temperamento explosivo.

Mensalão

Em meados dos anos 2000, investigações identificaram que Funaro foi destinatário de um cheque da SMPB – então empresa de Marcos Valério – e levado ao processo do mensalão. A sua delação ajudou a desmantelar o núcleo financeiro do esquema.

Em entrevista ao Estado em 2014, disse que fez um empréstimo com Valdemar Costa Neto, um dos condenados no caso, a pedido de um acionista de um grande banco. Costa Neto o teria pago com um cheque administrativo da SMPB. Ressaltou que pediu ao ex-deputado que resolvesse a situação. “Ele não resolveu. Eu resolvi.” Seu acordo de delação previa que não voltasse a cometer crimes.

Na época, ficou conhecido como doleiro, mas afirma que nunca prestou esse tipo de serviço. Chegou ao ponto de processar jornalistas que lhe atribuíram a função. Funaro diz que era um corretor. Apostava alto na bolsa de valores e fez dinheiro no mercado, atividade que perdeu espaço depois do mensalão.

Seu caso mais rumoroso foi a briga com a família Schahin. O rompimento de uma barragem, em Rondônia, que estava sob a responsabilidade dos Schahin e deu prejuízos a Funaro, iniciou o atrito.