Brasil

"Desafio da rasteira" que viralizou pode causar paralisia e levar à morte

Viva Bem / Uol | 12/02/20 - 13h23
Reprodução

Não é à toa que a "brincadeira" chamada de "quebra-crânios" ou "desafio da rasteira" tem preocupado pais de todo o Brasil. Os vídeos que viralizaram na internet nos últimos dias mostram jovens sendo derrubados durante a perigosa "moda", que pode causar danos como traumatismo craniano, paralisia e até levar à morte, como aconteceu com uma jovem no Rio Grande do Norte.

O jogo acontece em trios e a pessoa que está no meio é derrubada após pular, caindo de costas para o chão e batendo o corpo no solo, recebendo grande impacto na cabeça e coluna. A maioria dos jovens não sabe que será derrubada, e os colegas que causam a queda fazem com a intenção de rir do choque. "As crianças e adolescentes que entram nessa brincadeira o fazem por ingenuidade, pois a maioria não tem noção do perigo no qual estão colocando o amigo", aponta a pediatra Lilian Zaboto, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

O jogo tomou uma proporção tão grande no Brasil que até alguns pais fizeram com seus filhos —por vezes, com proteção de colchão por baixo, o que não garante a segurança.

Quais os riscos do desafio?

A pediatra aponta que, apesar de a altura não ser grande, a queda pode levar a uma fratura na coluna, principalmente na região lombar e torácica.

"O golpe pode causar fraturas e lesões ligamentares na coluna cervical, que podem ter consequências como quadro de dor crônica, hérnia de disco traumática e até mesmo fraturas com lesão medular parcial ou completa, o que acarretaria na perda permanente e definitiva de movimentos", alerta André Evaristo, ortopedista especializado em coluna e médico do núcleo de medicina avançada do Hospital Sírio Libanês.

Além disso, mesmo que não haja sinais imediatos, o choque pode causar hemorragia intracraniana. "Neste caso, a pessoa pode ficar bem nas primeiras 24 horas e apenas depois sofrer desmaio, confusão mental e até ficar em coma ou morrer se não tiver uma cirurgia feita rapidamente", indica a pediatra.

Fraturas de braço ou de punho também são possíveis, já que a pessoa pode tentar usar essas partes do corpo como apoio durante a queda.

Como alertar crianças para quem não participem?

Por mais desagradáveis que sejam as imagens, a pediatra recomenda que os adultos responsáveis por crianças mostrem o vídeo para elas.

"Se algum amigo propuser a brincadeira, eles já saberão dos riscos. Adolescentes geralmente precisam ainda mais conhecer a gravidade da brincadeira, pois costumam considerar que jogos deste tipo não são tão perigosos", explica.