Contextualizando

Dezessete de julho, o último (e infeliz) lance de uma invejável trajetória política

Em 17 de Julho de 2023 às 18:05

Há 26 anos, num 17 de julho como hoje, Divaldo Suruagy interrompia seu terceiro mandato como governador de Alagoas ao se licenciar, em documento encaminhado à Assembleia Legislativa, e passar o cargo ao vice-governador, Manoel Gomes de Barros.

Não resistiu à pressão política resultante da insatisfação dos servidores públicos estaduais, que, por conta do descontrole administrativo da sua gestão, chegaram a conviver com cinco meses de salários atrasados.

Logo ele, que se orgulhava dos benefícios levados à população através de criação de empregos, de sempre pagar o funcionalismo em dia, da construção de casas populares, da implantação de rodovias…

Muitos, equivocadamente, dizem que Suruagy renunciou nesse 17 de julho, mas na verdade ele só oficializou a a antecipação do mandato alguns meses depois, sem muito estardalhaço.

Encerrava-se ali, certamente, a trajetória política do homem público mais vitorioso da História de Alagoas, que havia sido eleito governador em 1994, pela terceira vez, com invejáveis 81% dos votos dos eleitores alagoanos – a maior vitória de um chefe do executivo estadual naquele ano no Brasil.

Divaldo Suruagy foi também professor, economista, escritor e historiador, além de político.

Seu primeiro mandato foi de prefeito de Maceió, elegendo-se deputado estadual (como tal, presidiu a Assembleia Legislativa), duas vezes deputado federal, governador de Alagoas por três mandatos e senador.

De mandato eletivo só não exerceu o de vereador.

Na última eleição para Presidente da República pelo voto indireto, em 1994, Divaldo Suruagy concorreu à indicação do PDS como vice-presidente na chapa de Mário Andreazza, mas o vencedor pela legenda foi Paulo Maluf, derrotado no Colégio Eleitoral por Tancredo Neves, do PMDB, tendo como vice José Sarney.

Em cerca de 50 anos de vida pública, exercendo tantos cargos relevantes na política, Suruagy nunca perdeu a simplicidade, no que foi seguido por sua família – Dona Luzia, a esposa, sempre manteve suas atividades de professora municipal e das quatro filhas apenas uma exerceu cargo público, através de concurso.

Divaldo Suruagy faleceu em 2015, aos 78 anos de idade, mantendo o mesmo padrão de vida de cidadão de classe média, deixando como único bem patrimonial o apartamento em que morava.

Mas, como numa competição esportiva, o último lance é o que vale, o que decide.

Para Suruagy, um ser humano fidalgo ao extremo, o último lance, infelizmente, foi o 17 de julho.

Gostou? Compartilhe  

LEIA MAIS

+Lidas