Saúde

Dieta versus cérebro: como ter um corpo mais saudável?

Olhar Digital | 05/01/22 - 10h11

Você já deve ter ouvido por aí que comer com inteligência emocional e saborear a comida é um ótimo conselho para a reeducação alimentar. Há evidências científicas que sugerem que as dietas não funcionam e que a restrição alimentar só dá vontade de comer ainda mais. Até porque a longo prazo, fazer dieta pode ser um erro, pois pode desacelerar o seu metabolismo e dificultar a perda peso no futuro.

Só que a reposta também não é desistir de ter um corpo mais saudável e sim conquistar a prática de fazer dieta com sucesso, ou seja, tire da sua mente atitudes como contar calorias, banir seus alimentos favoritos e subir na balança o tempo todo.

Muitos pesquisadores incentivam uma nova abordagem com base na ciência do cérebro, que através de algumas técnicas, encorajam a consciência de como comemos, de forma a combinar exercícios alimentares, suprimir desejos e remodelar os hábitos.

“Os paradigmas em torno da força de vontade não funcionam. Você tem que começar sabendo como sua mente funciona”, explicou Judson Brewer, professor associado de ciências sociais e comportamentais na Escola de Saúde Pública da Universidade Brown.

Além disso, Traci Mann, chefe do laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota, observou que a dieta afeta o corpo de várias maneiras negativas. Por exemplo, a restrição alimentar pode afetar a memória e as funções executivas, levar a pensamentos alimentares obsessivos e disparar o cortisol, um hormônio do estresse: “Fazer dieta é uma forma desagradável e de curta duração de tentar perder peso”.

Portanto, considere o seguinte que as evidências sugerem que a dieta restritiva pode desacelerar seu metabolismo, alterar hormônios que regulam a fome e dificultar os esforços para manter o peso. De acordo com alguns estudos, um corpo com peso reduzido responde diferente do que um corpo que não fez dieta, e assim, os músculos de quem está fazendo dieta podem queimar menos calorias do que o esperado.

Isso dá uma noção do motivo das pessoas estarem sempre “de dieta” e ainda não estão perdendo peso, segundo o esclarecimento de Rudolph Leibel, professor de medicina do Instituto de Nutrição Humana da Universidade Columbia.

Um estudo da Universidade Brown com 104 mulheres com sobrepeso demonstrou que o treinamento de mindfulness reduziu a alimentação relacionada ao desejo em 40%. Enquanto isso, outra revisão feita por cientistas da Universidade Columbia revelou que o treinamento alimentar muitas vezes resultou em pelo menos um benefício para a saúde metabólica ou cardíaca.

Brewer, psiquiatra especializado em vícios, por meio de práticas de mindfulness, auxilia as pessoas a pararem de fumar, diminuirem a ansiedade e reduzirem a ingestão de alimentos por motivos emocionais. Ele observou que os comportamentos alimentares, como comer batatas fritas ou sobremesas, costumam ser o resultado de ciclos de hábitos que são reforçados.

Ademais, com o tempo, as pessoas podem desenvolver hábitos que as levam a comer quando estamos entediados, com raiva, estressados, cansados depois do trabalho ou apenas assistindo televisão: “O complicado sobre os ciclos de hábito é que, quanto mais automáticos eles se tornam, com o tempo você nem mesmo escolhe conscientemente essas ações.”

Compreendendo os ciclo de hábitos de cada um, tem como quebrar o poder que exercem sobre o indivíduo. Por isso, os exercícios de atenção plena podem ensinar o cérebro que uma comida “agradável” não faz você se sentir tão bem quanto lembrava.