Contextualizando

Propagação de notícias falsas prejudica a vacinação de crianças e adolescentes

Em 20 de Maio de 2023 às 14:13

Texto de Sophia Stein, da “Agência Brasil 61”

“O medo de complicações indesejadas e a falta de confiança nas vacinas devido à disseminação das Fake News estão, atualmente, entre os principais motivos que levam pais e responsáveis a negligenciar a vacinação de crianças e adolescentes.

No primeiro caso, a taxa chega a 19,76%, enquanto no segundo, a 19,27%. O resultado consta na pesquisa ‘Hesitação vacinal: por que estamos recuando em conquistas tão importantes?’, que ouviu mil pediatras.

De acordo com o estudo, realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Questão de Ciência (IQC), 17,98% dos pediatras atribuíram o ‘esquecimento’ como causa para a não vacinação do grupo abrangido na pesquisa. Outros 17,58% dizem ser devido à falta de vacinas no serviço público, enquanto 10,69% culpam o preço das vacinas nos serviços privados.

Henrique Lacerda, infectologista, explica que a vacinação infantil é de extrema importância, pois doenças que afetam principalmente as crianças como sarampo, poliomielite, difteria, coqueluche, podem causar complicações graves, que podem ir desde incapacidade até mesmo levar à morte.

‘As vacinas podem além de prevenir essas doenças, reduzir a gravidade, caso essas infecções ocorram. Então, por exemplo, se a criança vacinada contrair a doença, é mais provável que ela tenha uma forma mais leve e tenha menor probabilidade de desenvolver as complicações’, expõe.

Cacilene Coelho, de 42 anos, é orientadora pedagógica e moradora de Brasília – DF. Tem 2 filhos e diz que sempre ela e seus filhos sempre tomam os imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e mantém o cartão de vacina sempre atualizado.

‘Nossas vacinas são todas do SUS. Eu nunca paguei nenhuma vacina para eles e a eficácia é excelente. A minha filha nunca teve catapora, meu filho também não’, conta.

De acordo com o estudo, 81,29% dos pediatras entrevistados dizem que a vacina contra a covid-19 é a que tem gerado maior apreensão nas famílias, seguida pelas vacinas contra o vírus influenza, com 6,7% e a febre amarela, com 6,09%.

Principais motivos alegados pela famílias para não quererem a vacina contra o coronavírus:

  • ‘A vacina da covid-19 com tecnologia RNA pode trazer riscos à saúde das crianças’ (18,09%);
  • ‘Não aceitar correr riscos, uma vez que imunizações podem causar doenças como miocardite e trombose’ (16,58%);
  • ‘As vacinas de RNA não são seguras no longo prazo” (13,07%); “crianças não têm Covid grave’ (12,84%);
  • ‘Não conheço nenhuma criança que morreu de Covid’ (8,80%).

O infectologista André Bon pontua que as vacinas disponíveis nos dias de hoje são uma das principais responsáveis pela redução de doenças infantis que levavam à morbidade e mortalidade infantil em todo mundo.

‘Deixar o calendário vacinal em dia é super relevante para que as crianças estejam protegidas contra essas doenças que podem inclusive levar ao óbito’, esclarece.

Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP, alega que o  hábito de compartilhar informações sem verificar a procedência da fonte tem levado as pessoas, inclusive parte dos profissionais de saúde, a conclusões equivocadas.

‘É preciso trabalhar insistentemente na conscientização da população, com o auxílio do Estado e da sociedade civil organizada, passando inclusive pela atuação da própria comunidade científica’, completa.”

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