Polícia

Em áudios, professor suspeito de assédio diz que amigo enviou mensagens para garota de 11 anos

Teresa Cristina | 26/03/21 - 08h57
Reprodução

Áudios enviados ao TNH1 pela mãe da garota que teria sido assediada por um professor de uma escola pública em Maceió mostram o suspeito tentando se explicar após o envio de mensagens para a aluna de 11 anos. As mensagens foram enviadas para o celular da menina, canal usado por ela para conversar com o professor sobre as tarefas escolares. 

Nos áudios, ele volta a dizer que era policial civil e que as mensagens pedindo fotos da garota teriam sido enviadas por um amigo e não por ele. O professor pede, por diversas vezes, que a mãe da garota, a quem se refere como vizinha, tenha calma afirmando que as mensagens foram enviadas por um amigo e não por ele. 

O professor fala também que a mãe pode chamar a Polícia, mas o que aconteceu foi um “deslize” e um “fato isolado”. 

Veja:

Confira a transcrição dos áudios enviados pelo professor para a mãe da estudante: 

- É verdade, vizinha. É tanto que eu tomei o celular aqui de um amigo meu. O celular tava com um amigo meu, tá certo? É tanto que eu tomei o celular de um amigo meu. Eu sou professor aqui da Ufal, sou policial civil e não tá certo. A … é uma aluna minha do …. e eu não admito isso de alguém falar isso dela, viu? Você pode hackear o meu celular pra qualquer canto, mas não vai achar nenhuma sacanagem nenhuma comigo não, que eu já falei com amigo meu aqui. Eu digo: Olha um amigo meu tá bebendo aqui, nós tamo bebendo, eu falei com amigo meu, ó tenha calma, aqui é aluna minha, eu falei com ele, calma que aqui é outra coisa, eu to responsabilizado por você, entendeu? Eu sou professor responsabilizado muito mais com você do que com ele, viu? Isso aí não chega a lugar nenhum, chega a lugar nenhum, viu? Eu sou formado, sou uma pessoa formada eu não aceito, não aceito o homem falar isso com uma criança, uma criança, ela é uma criança, entendeu? Se ele digitou errado, mas eu falei com ele aqui: você tá errado, você está errado, errado, entendeu? Você está errado, eu falei pra ele aqui, meu amigo, meu amigo, pegou aqui o meu celular e ficou conversando com a sua

- Esse celular aqui é meu, sou o professor ..., viu? Meu CPF é …. eu to bebendo com os meninos aqui assistindo o jogo CSA e Santa Cruz. Me desculpe se eu falei alguma coisa com ela, com a … viu? Não fui eu. Os menino tão brincando aqui, eu falei até com eles: rapaz, para com isso, viu? Eu tô me responsabilizando, tá certo? Eu to me responsabilizando, tá certo? Me desculpe, não, eu não sou dessa índole, sou policial civil, tá certo? E não admito uma índole dessa, não admito, tá bom? Pode vir aqui, tudo mais, vir o que for, tá bom? Mas eu não admito uma coisa dessa aqui, tá bom? Ela é minha aluna e eu disse à ela muito bem, minha atividade pode botar pra mim, alguém pegou o meu celular e está fazendo isso, viu? Mas eu não estou fazendo isso pra ela. Ela sabe muito bem.

- Boa noite, vizinha. Não precisa se preocupar. Eu to aqui, já falei com os menino aqui, eles já foi embora, viu? Sou o professor … de … da escola … nunca aconteceu isso aqui comigo, viu? Não precisa se preocupar com nada, tá bom? Fique tranquila, tá certo? A senhora sabe que se a senhora chamar a Polícia, alguma coisa, pode chamar porque aqui não tem nada que vai influenciar a Polícia nem nada mais, tá bom? Tá todo mundo tranquilo aqui. O menino tá aqui brincando aqui, ele tava brincando aqui com a gente, ele tava digitando eu mandei ele embora, né? Falei com ele, fique tranquila, viu? Tá todo mundo tranquilo, tá certo? Meus alunos aqui, todo mundo aqui tem meu WhatsApp, tem meu Instagram, nunca aconteceu isso, certo? Isso aqui aconteceu por um deslize, de uma brincadeira de um amigo meu, tá? E eu me responsabilizo, tá certo vizinha? Agora se a senhora quiser chamar a Polícia, alguma coisa,pode chamar, é um direito seu, viu? Mas tá todo mundo tranquilo, tá todo mundo tranquilo, certo? Ninguém vai mexer com a filha da senhora nem com ninguém, tá todo mundo tranquilo, tá bom, viu? Aqui é o professor … que tá falando, pode ficar tranquila, certo? Não fique chateada não, nem vá pra escola dela não, não tem nada não. Tá todo mundo tranquilo, aconteceu este problema e pode acontecer com qualquer pessoa, fique tranquila.

- Vizinha, já conversei com ele, entendeu? Já dei uma dura nele, os cara aqui já deu umas porrada nele aqui e tudo mais, entendeu? Não adianta, tá bom? Porque não tem prova não tem nada. Mas pode até provar muito mais, mas não tem como, tá bom? Deixa pra lá. Eu já conversei com ele aqui e ele tá com brincadeira aqui, ele bebeu e tudo mais, mas já falei com ele aqui: rapaz, pare com isso, né? Porque eu sou professor e meus contatos você não pode tá pegando, ele foi e pegou meu contato e ficou com brincadeira, né isso? Eu falei com ele: deixe da sua presepada porque eu sei muito bem o que tô fazendo, né isso vizinha? Então, deixa ele pra lá, né? A senhora é uma pessoa de família, seu esposo é uma pessoa de família, a sua filha ninguém vai mexer com ela não, eu não vou deixar não. Eu sou policial civil, vizinha, eu sou policial civil, quem vai mexer com a sua filha? Oxe, ela falou comigo: professor, eu não fiz a tarefa não. Eu digo: depois você faz, faça de noite. Aí ela: professor, eu tava dormindo. Eu disse: depois você faz. Ela: professor, eu dormi tarde. Eu disse: depois você faz. Mas quantas vezes eu cheguei pra ela e fiz alguma coisa pra ela? Nunca fiz, vizinha, entendi. Então, vamo se acalmar porque foi um fato isolado aqui, um amigo meu ficou com brincadeira aqui, a gente já falou com ele, então vamo ter calma, vamo ter calma, viu? Calma, pelo amor de Deus.

- Se fosse a minha filha, eu estaria assim, estaria doido, entendeu? Vamo ter calma, entendeu? Foi um fato isolado. Eu já falei com o menino aqui. Ele tava com brincadeira, tá bom? Ninguém mexeu com ela, ninguém tocou nela. Eu sou policial civil, eu sou professor. Vamo ter calma, tá bom? Vamo ter calma, certo? Calma, pode ligar pra mim no privado, tá tudo tranquilo. Não tem ninguém aqui, já mandei ele embora. Ele tomou umas duas, umas três, ficou ligando pras menina. Eu: rapaz, tenha calma, aí foi e sem querer ligou pra sua filha, sem querer ligou pra sua filha, tá bom? Mas não foi nada demais não porque eu sou professor e sua filha é como fosse uma filha pra mim. Os outro menino é como fosse um filho pra mim, tá bom vizinha? Então, vamo ter calma, tenha calma, não aconteceu nada e nem vai acontecer. Foi um deslize, vamo ter calma, calma. 

O caso

Uma mulher procurou o Conselho Tutelar da 7ª Região para denunciar que um professor da sua filha, de uma escola pública no Santos Dumont, tinha enviado mensagens para a menina com teor sexual. 
Nas mensagens, ele pede uma foto da estudante nua e pergunta se menina faria sexo com um adulto. 

A mãe, acompanhada do conselheiro tutelar Ariudo Alves, foi até a Delegacia dos crimes contra a criança e o adolescente, no bairro da Jatiúca, onde foi confeccionado um Boletim de Ocorrência. Ela deverá ser ouvida no dia 05 de abril pela delegada Adriana Gusmão.