Contextualizando

Em nome do “politicamente correto”, o Brasil vive um surto de hipocrisia

Em 14 de Janeiro de 2023 às 14:33

Ninguém de bom senso pode defender quem invade e depreda prédios públicos icônicos, a exemplo do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, edificações que simbolizam os três poderes que embasam um regime democrático: Executivo, Legislativo e Judiciário.

No caso específico dos episódios de domingo último, em Brasília, o lamentável é o excesso de quem praticou atos violentos que resultaram em danos materiais. Fosse um ato pacífico, de mera ocupação, estaria dentro do aceitável, como parte do inconformismo de quem se sente ultrajado com o resultado de um pleito eleitoral que foi sempre colocado como suspeito.

A culpa do “atentado contra o estado democrático de direito” tem sido atribuída a “terroristas”, “incendiários”, e “golpistas”, muitos deles idosos, idosos e crianças presas num ginásio esportivo do Distrito Federal, junto com centenas de outros.

A chamada “grande mídia” não mostra, mas nas redes sociais já surgem evidências de que esquerdistas infiltrados nas manifestações convocadas pela direita foram, de fato, os incitadores da violência.

Na verdade, até bolsonaristas mais radicais estranharam o modus operandi de domingo passado, porque, verdade seja dita, as manifestações em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive durante as duas campanhas eleitorais (2018 e 2022), sempre reuniram milhares de pessoas e foram todas elas pacíficas, sem incidentes.

De repente, um episódio de violência e depredação – estranho, realmente.

O pano de fundo de toda a questão, que culminou com os fatos lamentáveis de Brasília, foi lembrado por Marco Aurélio Mello, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, ao dizer que o STF falhou ao tirar o presidente Lula da prisão e lhe devolver os direitos políticos, permitindo que concorresse na eleição de 2022.

Esse entendimento reforça o que eu tenho dito e repetido desde então: se a Ordem dos Advogados do Brasil, principal entidade jurídica do país, tivesse questionado essas e outras arbitrariedades do STF desde essa época, teria mudado o rumo das coisas.

Condenar publicamente os “terroristas de direita” pelos episódios de domingo passou a ser o politicamente correto do momento.

Entidades, instituições e personalidades empresariais e políticas, que se omitiram durante as afrontas do judiciário à Constituição que os togados têm obrigação de respeitar, agora se arvoram de “defensores do estado democrático de direito”.

É a tal coisa: quando lhes é conveniente, emergem, opinam, se arvoram de democratas.

Tudo em nome da hipocrisia…

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