Brasil

Em posse simbólica, Marcos Pontes diz que se sente como piloto cumprindo missão

Folhapress | 29/12/18 - 08h03
Divulgação

O astronauta Marcos Cesar Pontes, 55, tomou posse nesta sexta-feira (28), de forma simbólica, como ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC).

A posse oficial ocorrerá no dia 2 de janeiro. Como nesta data o atual ministro, Gilberto Kassab, não poderá estar presente, optou-se por também realizar uma cerimônia simbólica de transmissão de cargo.

Em seu discurso, Pontes comparou sua missão como ministro com a de um piloto. "Tenho a sensação de estar entrando em um avião para cumprir uma missão. Agradeço ao ministro Kassab por entregar um avião em boas condições, com uma tripulação preparada."

"Será que vamos conseguir cumprir a nossa missão no meio de tanta tempestade?", perguntou o futuro ministro.

Segundo ele, uma de suas principais tarefas será resgatar o prestígio da ciência e da tecnologia junto à população. Isso se daria, sobretudo, por meio do retorno dos investimentos feitos.

"Nossos pilares são a produção de conhecimento, a produção de riquezas através de novas empresas e melhoria de serviços e a melhora da qualidade de vida da população. As pessoas precisam sentir a importância da ciência e tecnologia como elemento estratégico para o país."

Na mesma linha, Pontes também disse que buscará fazer do MCTIC uma ferramenta de desenvolvimento do país. "Ciência e tecnologia são a ponta de lança do desenvolvimento de qualquer país. Elas são fundamentais para o país atingir um novo patamar, pois estão presente em todas as áreas."

O futuro ministro disse que lutará para recompor o orçamento do MCTIC, cuja redução nos últimos anos gerou protestos da comunidade científica. De 2013 para cá, as verbas federais caíram de R$ 9,5 bilhões para uma previsão de R$ 4,8 bilhões neste ano.

"Temos trabalhado junto à equipe econômica que está entrando, explicando as nossas necessidades de, por exemplo, promover o descontingenciamento de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia. O próprio fato de mostrar resultados também ajuda a pleitear mais recursos."

Entre os projetos prioritários, Pontes afirmou que buscará integrar iniciativas de dessalinização de água marinha feitos no Nordeste para serem usados na agricultura familiar. "Existem muitos esforços sendo feitos. A ideia é analisar o que funciona, o que não funciona para que possamos integrar tudo isso de forma mais eficiente."

Segundo o futuro ministro, em janeiro começarão a ser realizados testes com equipamentos nacionais e israelenses. Na semana passada, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou que Pontes visitará instalações de dessalinização de água em Israel.

Embora estações de dessalinização sejam consideradas uma alternativa para regiões mais afastadas de centros urbanos, a técnica é criticada pelo alto consumo de energia, os custos de manutenção e o impacto ambiental dos rejeitos gerados.

Gilberto Kassab elogiou a nova equipe. "O bastão está sendo passado para pessoas qualificadas, com espírito público e que acreditam no futuro do país."

Entre suas realizações, Kassab destacou a conclusão da primeira etapa do acelerador de partículas Sirius, em novembro, que vem sendo construído em Campinas, no interior de São Paulo. "Com o Sirius, deixamos no campo da pesquisa a maior referência do país nos últimos 30 anos". O projeto deve ficar pronto em 2021.

Primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço, em março de 2006, Pontes é tenente-coronel-aviador, piloto da Força Aérea Brasileira e engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), com mestrado em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, em Monterrey, Califórnia.

Foi incorporado à classe de astronautas da Nasa em 1998 e passou sete anos no Centro Espacial Lyndon Johnson da Nasa, em Houston, EUA, familiarizando-se com todos os detalhes de como se voar no complicado ônibus espacial.

Em 29 de março de 2006, decolou de uma base no Cazaquistão rumo à Estação Espacial Internacional, com Pavel Vinogradov, da Rússia, e Jeffrey Williams, dos Estados Unidos. Passou dez dias no espaço a um custo de US$ 10 milhões ao governo.