Maceió

Endividamento do consumidor de Maceió recua pela primeira vez em 2020

Ascom Fecomércio | 14/09/20 - 13h28
Itawi Albuqueruqe / Arquivo TNH1

Após sete meses seguidos de alta, os níveis de endividamento recuaram pela primeira vez no ano. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), houve queda de 2,63% no endividamento geral, em agosto.

Com isso, na variação mensal, o número de endividados caiu de 219 mil para 213 mil pessoas. Redução também no volume de pessoas com contas em atraso, que ficou 9,48% menor, saindo de 92 mil para 84 mil. Seguindo a tendência, queda de 7% de inadimplentes, saindo de 53 mil para 50 mil pessoas nessa situação.

Embora na variação mensal tenha havido queda, no geral, o consumidor ainda está 11,67% mais endividado do que no mesmo período do ano passado e com mais contas atrasadas (0,64%), mas a inadimplência está 10,51% menor. Comparando a média nacional, os maceioenses estão 3,1 pontos percentuais (p.p.) mais endividados do que em outras capitais; 0,9 p.p. atrasando mais contas; e 4,5 p.p. mais inadimplentes.

O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Felippe Rocha, diz que para se compreender a redução do endividamento na variação mensal, é preciso analisar a empregabilidade no período. Isso porque nos dois meses anteriores a agosto houve saldo positivo na geração de postos de trabalho em Alagoas, sendo criados 807 empregos em junho. Vale lembrar que o saldo considera a diferença entre o número de admissões e demissões. Os setores que mais empregou em junho foi o sucroalcooleiro, com 647 postos, e a Agropecuária, com 638. Os que mais perderam postos foram Construção (-185) e Serviços (-321). Já em julho foram criados 1.571 empregos, destacando-se novamente a Agropecuária (951) e a recuperação do setor de Construção, que gerou 356 no período. A perda de postos de trabalho ficou restrita apenas ao setor de Serviços, com 110 empregos a menos. Em Maceió, o mesmo não vem ocorrendo, pois nos dois últimos meses anteriores a agosto foram perdidos postos de trabalho: 377, em junho, e 652, em julho.

“Como não houve melhora na renda do trabalho, a explicação para redução do endividamento geral, das contas em atraso e da inadimplência reside na manutenção do Auxílio Emergencial e a opção pelo saque emergencial do FGTS, que criou mais uma renda adicional extraordinária para o período, além da contenção de gastos dos consumidores, o que é comum em momentos em que não há perspectiva de renda maior”, avalia Felippe. De acordo com o economista, somente em Maceió, de abril a julho, 326 mil pessoas foram beneficiadas com o Auxílio Emergencial e R$ 638 milhões circularam na economia da capital, facilitando a redução do endividamento e da inadimplência na região. “O saque emergencial começou a ser disponibilizado no final de junho e teve permissão inicial para saque em espécie, para nascidos em janeiro e fevereiro, no final de julho. Essa modalidade também ajudou os maceioenses com renda adicional para reduzir seus níveis de endividamento”, complementa.

De acordo com o levantamento, entre os endividados, 95,1% usaram o cartão de crédito; 18,3% adquiriram bens parcelados no carnê de loja; e 6,7% contraíram empréstimo pessoal. É sempre bom reafirmar que um mesmo consumidor pode escolher mais de um motivo para estar endividado e, por isso, a somatória estatística não fecha em 100%.

Dentre os 84 mil que estão em situação de atraso de contas, mas estão fazendo o possível para ainda pagá-las, 39,4% informaram que existe mais um membro em sua família, que reside em sua casa, passando pela mesma situação. Já para 60,6%, esse problema só está sendo vivido por ele/a. Em média, os consumidores demoram 74,4 dias para pagarem suas contas atrasadas.

Entre os 50 mil inadimplentes, apenas 10,6% terão condições de sair integralmente dessa situação; 16,4% sairão parcialmente, renegociando a dívida; e 59,6% não têm condições de pagar mesmo que uma parte da dívida, permanecendo nessa situação desconfortável. No geral, os cidadãos endividados estão passando, em média, 6,3 meses com uma dívida e comprometendo 27,9% de sua renda. 

O relatório completo encontra-se disponibilizado no site do Instituto Fecomércio AL.