Esta mulher foi condenada a estupro

Publicado em 06/09/2015, às 15h04
Imagem Esta mulher foi condenada a estupro

Por Redação

Meenakshi Kumari (Crédito: Reprodução / Cover Asia Press)

Meenakshi Kumari (Crédito: Reprodução / Cover Asia Press)

Há vários dias Meenakshi Kumari, 23, e sua irmã, de 15 anos, são foragidas dentro da Índia. Se forem encontradas, serão estupradas e terão de desfilar nuas pela aldeia de Sankrot, estado de Uttar Pradesh, onde foram sentenciadas. O alto número de estupros no país é uma prática que tem causado preocupação da Anistia Internacional.

A decisão em Sankrot ocorreu porque o irmão das jovens, Ravi Kumar, 25, da casta Dalit, considerada inferior, teve um relacionamento com uma mulher, Krishna, de 21 anos, da casta Jat, tida como superior.

Meenakshi se refugiou em lugar não divulgado na capital Nova Déhli e está apavorada, sem saber o que fazer, segundo contou ao Daily Mail. Ela teme ser encontrada.

— Eu não consigo dormir, estou com muito medo. Como é que vamos voltar para casa ou para a nossa aldeia? Se voltar, eles vão nos prejudicar ou nos estuprar. Se não hoje, no futuro .

A jovem não se conforma com a decisão dos anciãos locais, líderes religiosos que assumem os cargos de maneira vitalícia, sem nenhum tipo de eleição.

— Os Jats nunca se esquecem e não vão esquecer esta humilhação. Eles querem a vingança. Mas amar alguém não é algo errado.

Ravi ouviu apelos do irmão Sumit Kumar, 28 anos, e do pai, Ravi Naik, 52 anos, que ordenou para que ambos se separassem imediatamente, cientes da rígida tradição que impera na região.

Ravi tentou, mas o casal não conseguiu viver separado e fugiu, o que piorou ainda a situação. A família de Krishna tentou fazê-la se casar com alguém de sua casta, mas não adiantou. E começou a perseguir Ravi, acusando-o de ligações com drogas.

Eles foram pegos em Nova Déhli e Ravi foi preso. Sumit lamenta o episódio e não culpa o irmão.

— Fizemos ele entender que era perigoso. No final quem sofreria seria nossa família. Ele sabia o que eu estava fazendo, sabia dos riscos, mas o amor falou mais alto.

Meenakshi e a irmã só não foram pegas porque, enquanto estavam em uma festa familiar em Nova Déhli, foram avisadas por um vizinho de sua cidade sobre a decisão local. Ela desabafa: “Nós não fizemos nada de errado, então por que minha irmã e eu devemos ser punidas? Eles se amavam e são eles que decidiram ir. Por que devemos sofrer? Não podemos sair de casa, estamos com medo, eles devem enviar alguém para nos atacar. É muito difícil de lidar com isso. Estou muito assustada”.

Ela se desespera ainda mais por não encontrar solução. “As pessoas hoje ainda estão vivendo no sistema de castas; é a raiz de tudo aqui. Neste momento eu não tenho qualquer esperança, nosso futuro está arruinado”.

A Anistia Internacional tem trabalhado para conscientizar o mundo sobre a violência contra as mulheres na Índia. Em seu site, a organização alerta para o descontrole da situação.

A violência contra as mulheres é endêmica – mais de 220 mil casos de crimes violentos contra mulheres foram registrados em 2011 nas estatísticas oficiais do governo indiano, e o número real provavelmente é muito maior.

E a entidade afirma que há necessidade de a polícia indiana ser mais preparada para atender mulheres feridas e da criação de sistemas de apoio a elas.

— A Índia não precisa agora de vingança, mas sim lidar com as muitas causas estruturais que perpetuam a violência endêmica contra as mulheres. As leis e o sistema de justiça precisam ser reformados, e a definição de estupro, atualmente longe de adequada, necessita de emendas.



Fonte: R7


Gostou? Compartilhe