Polícia

Exclusivo: na expectativa de receber alta, jogador esfaqueado dá detalhes de briga com dirigente

João Victor Souza | 05/07/22 - 12h30
Cortesia ao TNH1

João Guilherme Clemente da Silva, o jogador esfaqueado por um dirigente do FF Sport Nova Cruz, time da segunda divisão do Campeonato Alagoano, trouxe novos detalhes da briga que terminou em tentativa de homicídio. Prestes a receber alta médica, o atleta de 21 anos conversou com exclusividade com a reportagem do TNH1 e deu a sua versão do crime, ocorrido no alojamento da equipe no município de Pilar, na Grande Maceió, na última semana.

João Guilherme, também conhecido como "Cabelinho", afirmou que foi comunicado pelo gerente de futebol Anderson Salgueiro que havia sido barrado do treino da equipe, que aconteceria no Estádio Universitário da Ufal, em Maceió. Ele disse que soube da decisão ainda no alojamento do FF Sport, na manhã seguinte à festa de São Pedro. O jogador admitiu que foi para a festividade na cidade, na companhia de outros cinco jogadores, mas não entendeu porque apenas ele seria afastado do treinamento.

"Falaram que a gente tinha discutido, mas na verdade ele chegou e mandou eu descer do ônibus, só que ele deu um tapa nos meus peitos e falou que eu não iria treinar. Eu desci do ônibus e a gente foi para a parte da frente. Aí eu falei 'então vamos acertar nosso acordo, porque você fez acordo com um homem, não com uma criança, pague meu salário'. Aí ele correu do nada para cozinha e eu estava de costas. O roupeiro viu e falou 'Corre, cabelinho'. Aí eu corri, mas caí em seguida. Foi na hora que ele me deu os golpes de faca", relatou o jogador, citando ainda atraso no pagamento do salário.

"Se ele tinha problema comigo, eu não sei, mas eu nunca tive problema com ele. Agora ele me barrou do treino. Se tinham ido seis [jogadores] para a festa, por que ele não barrou? Foi só comigo. E sobre o acordo, eles tinham pago a metade de um mês e estava faltando o resto. E fora o outro mês que tinha entrado, e é um campeonato curto", continuou ao destacar que o dirigente teria ficado furioso com a cobrança.

Esfaqueado na região do tórax, no braço e no pescoço, o jogador foi socorrido pelos companheiros de time e encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, instantes depois do ataque. No sexto dia de internação, João Guilherme mostrou que está esperançoso em voltar logo para casa, onde vai continuar em recuperação, mas já confirmou que deve ficar seis meses sem disputar uma partida de futebol.

"O presidente [do clube] falou que o que eu precisasse, ele estaria me dando suporte, até eu me recuperar. Serão seis meses para eu voltar a jogar de novo. Foi o que o médico me passou", explicou.

O TNH1 tentou contato com a diração do FF Sports para saber sobre atrasos no salário mas as ligações não foram atendidas.

"Estou tranquilo, não estou com medo. Já estou pensando na minha recuperação porque ganhei mais uma vida para agradecer todos os dias a Deus. Minha mãe está aqui comigo", contou ao acrescentar que vai realizar novos exames nesta terça-feira. Em vídeo enviado ao TNH1, ele agradeceu às mensagens de apoio que vem recebendo nos últimos dias.

Assista:

O HGE informou, por meio do boletim médico enviado à reportagem nesta manhã, que João Guilherme continua internado na Área Verde e seu quadro de saúde é estável. O jogador foi submetido a uma cirurgia devido aos ferimentos e está em recuperação na unidade desde quinta passada. 

Suspeito segue foragido - O delegado Ronílson Medeiros, titular da delegacia de Pilar, confirmou à reportagem que Anderson Salgueiro não se apresentou às autoridades e está foragido desde a manhã do crime. Na ocasião, ele foi visto atordoado, indo em direção ao município de Satuba. Após o caso ganhar repercussão, ele não foi mais localizado.

Ainda de acordo com o delegado, a Polícia Civil está em contato com o clube de futebol e já colheu depoimentos que serão anexados no inquérito. Nos próximos dias, a mãe do atleta, que veio da Paraíba e acompanha o filho no hospital, deve ser ouvida.

O caso - João Guilherme Clemente da Silva foi esfaqueado pelo gerente de futebol do FF Sport Nova Cruz, da segunda divisão do Campeonato Alagoano, depois de uma briga iniciada pela ida do atleta a uma festa de São Pedro na cidade de Pilar. A Polícia Militar foi acionada por volta das 9h da manhã do dia 30 de junho e confirmou que o suspeito fugiu depois do ataque.

Segundo relato da testemunha, um grupo de jogadores saiu para aproveitar o último dia de festividades juninas na cidade. No momento em que eles estavam no alojamento do clube, no Centro de Pilar, e se preparavam para sair para treinar, houve o desentendimento do dirigente com João Guilherme.

Por meio de nota, a diretoria do FF Sport Nova Cruz informou que lamenta a situação e que presta apoio ao atleta do clube. O clube reiterou o compromisso de ser contra qualquer tipo de violência e segue aberto para colaborar com as investigações policiais.