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Google multado por coleta abusiva de dados? Esta não foi a primeira vez; confira

Olhar Digital | 15/08/22 - 10h38
Reprodução

O Google recebeu uma multa do Tribunal Federal australiano em A$60 milhões, equivalente a US$40 milhões pelas configurações consideradas enganosas sobre coleta de dados em aparelhos Android. Mas essa não é a primeira vez que a empresa se envolve em polêmicas envolvendo a privacidade dos usuários.

De acordo com a Australian Competition & Consumer Commision (ACCC) – algo como o Procon no Brasil -, em uma decisão de julho de 2021, o Google passou informações enganosas sobre coleta e uso de dados em celulares Android entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018.

O órgão alegou que “o Google, uma das maiores empresas do mundo, conseguiu manter os dados de localização coletados por meio da configuração ´Web & Activity´ e esses dados retidos poderiam ser usados ​​pelo Google para direcionar anúncios para alguns consumidores, mesmo que esses consumidores tivessem o ´Histórico de localização´ desativada”, disse a presidente da ACCC, Cass-Gottlieb, em comunicado à imprensa na ocasião. 

Em outras palavras, a ACCC considerou que o Google mentiu para o usuário ao dizer que a configuração “Histórico de localização” era a única a única que permitia que o Google coletasse e mantivesse informações sobre dados de identificação pessoal sobre localização. Porém, foi descoberto que a configuração “Atividade na Web e de aplicativos” também permitia a coleta de dados sobre localização que serviriam para direcionar anúncios específicos de acordo com o local do usuário.

O órgão regulador estima que 1,3 milhões de contas de australianos foram submetidas a esse tipo de conduta invasiva que o tribunal considerou como uma violação à Lei do Consumidor Australiano. O julgamento considerou que o Google passou a tomar medidas corretivas a partir de 2018.

Após o julgamento um porta-voz da empresa enviou uma declaração ao TechCrunch sobre a decisão do tribunal. “Podemos confirmar que concordamos em resolver a questão relativa à conduta histórica de 2017-2018. Investimos pesadamente em tornar as informações de localização simples de gerenciar e fáceis de entender com ferramentas pioneiras no setor, como controles de exclusão automática, minimizando significativamente a quantidade de dados armazenados. Como demonstramos, estamos comprometidos em fazer atualizações contínuas que dão aos usuários controle e transparência, ao mesmo tempo em que fornecemos os produtos mais úteis possíveis”, disse o porta-voz do Google.

Google é multado em quase US$1 milhão por coletar dados mesmo na aba anônima

Em julho desse ano o Google já havia sido invadir a privacidade de milhões de usuários mesmo no modo privado, a decisão da justiça americana foi que o Google o valor a ser pago pela empresa seria de US$ 971 mil. O processo leva em conta denúncias de que a empresa estaria observando e rastreando o que os usuários fazem online através do Google Analytics, Google Ad Manager e outros plug-ins.

A queixa registrada no tribunal de São Francisco, na Califórnia, afirmava que o Google “não pode continuar a se envolver na coleta de dados secreta e não autorizada de praticamente todos os americanos com um computador ou telefone”. Essas informações coletadas mesmo na aba anônima ajudariam o Google a aprender os hábitos de consumo, hobbies e outras individualidades. 

O processo começou em 2020 após Chasom Brown, Maria Nguyen e William Byatt enviarem queixas sobre a capacidade da empresa em rastrear informações dos usuários por meio do Google Analytics, Google Ad Manage e pelo próprio aplicativo do Google para smartphones. 

“Por meio de seu negócio de rastreamento de dados difundido, o Google sabe quem são seus amigos, quais são seus hobbies, o que você gosta de comer, que filmes você assiste, onde e quando você gosta de fazer compras, quais são seus destinos de férias favoritos, qual é sua cor favorita e até mesmo as coisas mais íntimas e potencialmente embaraçosas sobre sua navegação na internet — independentemente de você seguir o conselho do Google de manter suas atividades ‘privadas’”, afirmaram os advogados que levaram as denúncias ao tribunal em 2020. Na época, o Google disse que se defenderia das acusações.