Saúde

Governo deve anunciar, ainda hoje, o calendário de vacinação para idosos no mês de março

João Victor Souza com Rádio Pajuçara FM Maceió | 08/03/21 - 11h36
O anúncio foi feito pelo secretário de Saúde, Alexandre Ayres, em entrevista à Rádio Pajuçara

O secretário de Estado de Saúde, Alexandre Ayres, confirmou que o Governo de Alagoas deve anunciar o calendário de vacinação para idosos no mês de março ainda hoje (08). Ontem, durante a live sobre o novo decreto de combate à Covid-19, o governador Renan Filho informou que os idosos a partir de 76 anos seriam contemplados com a imunização nesta segunda semana do mês. Ainda segundo o gestor, a previsão é vacinar as pessoas com mais de 65 anos até o fim de abril.

Em entrevista à Rádio Pajuçara FM Maceió, Ayres destacou que o cronograma de vacinação foi traçado pelo Estado após compromisso acertado com o Ministério da Saúde para o fornecimento de remessas das vacinas. 

"As vacinas já foram entregues aos municípios. [A divulgação do calendário] é para que a gente possa acalmar principalmente o cidadão mais idoso, que está respeitando, que está dentro de casa, longe dos familiares, isolado. Por vezes, até afetando a sua saúde mental. [...] O governador Renan Filho, em uma excelente iniciativa, vai apresentar para a sociedade o calendário de vacinação, claro que com base nos compromissos firmados com o Ministério da Saúde", disse.

Nesta segunda, 08, os dois principais municípios do Estado, Maceió e Arapiraca, deram início à imunização de pessoas com 78 anos ou mais. Hoje, o Governo destacou que 122.028 alagoanos já receberam a primeira dose da vacina e, em relação à segunda dose, 36.400 pessoas já foram imunizadas.

"Nós somos um dos poucos estados do Brasil que ainda não colapsou. Nós temos hoje 80% de ocupação da nossa rede de UTI [...] Nós quase triplicamos o número de leitos de UTI e isso não tem sido suficiente para fazer o enfrentamento, dada a força da transmissibilidade do vírus. Chegou o momento que a gente precisa cobrar, de maneira mais veemente, a responsabilidade e a colaboração das pessoas", alertou o secretário. 

O secretário de Saúde voltou a pedir para que a população respeite as recomendações do decreto e fez um apelo para quem ainda resiste ao cumprimento das medidas. "Nunca é tarde para recomeçar. Quem até agora não acreditou, desdenhou do vírus, ou se achou mais esperto que os outros porque está fazendo aglomeração às escondidas, em festas clandestinas, chegou o momento de parar um pouco, colocar a mão na consciência e pensar qual o seu papel na sociedade". 

Veja outros pontos da entrevista:

"Poderíamos, de maneira confortável, anunciar o lockdown"

"A gente tentou encontrar um equilíbrio, nós poderíamos, entre aspas, de maneira confortável, anunciar para a sociedade um lockdown, como todos os Estados fizeram, praticamente, eles estão fechando tudo, mas tentamos encontrar um equilíbrio, deixando bares e restaurantes em funcionamento durante a semana, reduzindo horário de funcionamento, e pedindo uma conscientização da população, porque o empresário não pode ser responsabilizado se o cidadão não ajuda. Cada pessoa tem que fazer a sua parte para que a gente possa superar esse momento difícil". 

"O desafio não é só do Poder Público"

"Não dá para a gente ficar com os braços cruzados achando que o desafio é só do Poder Público, que se a gente ampliar leitos ou reabrir o hospital de campanha, tudo vai ser resolvido em um passe de mágica. Ou que se as vacinas chegarem, todos vão ser imunizados ao mesmo tempo. Não é assim que funciona. A gente precisa que a população tenha esse entendimento que faz parte do processo, que todos podem se doar um pouco, abrir mão dos 100% da nossa normalidade ou do que a gente está acostumado a viver."

"Temos que priorizar a Saúde"

"O momento é muito duro. Nós temos lutado bastante há um ano, mas poderia arriscar a dizer que nós estamos vivendo um dos piores momentos, um dos mais difíceis, com o aumento muito forte na transmissibilidade do vírus, muitas pessoas se infectando ao mesmo tempo, e isso impacta diretamente a rede hospitalar. Nós acompanhamos o aumento substancial nas ocupações nos leitos clínicos, e de UTI, e isso fez que tomássemos medidas restritivas que, ao nosso ver, não são medidas indevidas e, com todo o respeito que temos aos segmentos econômicos, as pessoas que precisam trabalhar em seus comércios, seus bares e restaurantes para sobreviver, mas temos que priorizar a Saúde."

"Não dá para enxugar gelo"

"Não dá para a gente continuar enxugando gelo. Não dá para continuar pedindo que nossos profissionais de saúde se dediquem 24 horas por dia no intuito de salvar vidas. Se quando eles abrem as redes sociais ou assistem à televisão, eles observam que as pessoas não estão dando importância. Nos hospitais temos seres humanos, pessoas que estão cansadas, que há um ano abrem mão da vida com suas famílias. Vai chegar em um momento muito duro que essas pessoas não vão mais aguentar. Nós já estamos com dificuldade de selecionar os profissionais, porque eles estão esgotados".

"Os cidadãos perderam o medo do vírus"

"Naquele momento [início da pandemia] as pessoas estavam assustadas e fazendo um distanciamento social natural, independente das determinações governamentais, pois estavam com medo do potencial do vírus. Ninguém sabia onde ia parar essa pandemia. E isso fez com que as pessoas cumprissem as orientações. Hoje, os cidadãos perderam o medo do vírus, de maneira inconsequente".

"Eu escuto às vezes, impressionado, algumas conversas de jovem dizendo que não pega e se pegar fica assintomático. Mas ele esquece, esse cidadão, até pela imaturidade da idade, de que é um transmissor, e ele vai abraçar o pai, o avô, o padrinho, a mãe, e vai infectar essas pessoas, que em sua maioria, já possuem comorbidades, que somados à Covid-19, pode levá-las a óbito."

"Descumprimento vai da pessoa mais humilde até a de maior poder aquisitivo"

"O descumprimento tem sido geral, desde a pessoa mais humilde, da periferia, sem usar máscara, até a pessoa de maior poder aquisitivo, que tem desfilado os seus barcos nas lagoas alagoanas ou promovendo festas com aglomerações indevidas como se nada tivesse acontecendo"

Ouça a entrevista na íntegra: