Saúde

'Há estados onde o surto de dengue está pior que a Covid-19', diz ministro da Saúde

Theo Chaves | 16/05/22 - 16h17
Foto: Theo Chaves/TNH1

O aumento do número de casos de dengue zika e chikungunya, em alguns estados, tem preocupado mais o Ministério da Saúde que a Covid-19. A fala é do próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista ao TNH1, quando esteve na capital alagoana, na manhã desta segunda-feira (16), para participar da inauguração do novo serviço de radioterapia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

De acordo com o Ministro Queiroga, diante dos aumentos nos casos de dengue, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) é ainda mais importante. "Acompanhamos os dados sobre a dengue. Há estados onde o surto da dengue está pior que o de Covdi-19. O importante, nesse momento, é o fortalecimento da Saúde, do SUS, e do acesso das pessoas. A dengue não é nenhuma novidade aqui, no Brasil. Ela é presenciada desde os anos 1980", disse Queiroga.

O ministro cobrou da sociedade um auxílio no combate ao mosquito transmissor e ainda explicou sobre a responsabilidade dos estados e municípios para o controle epidémico.

"O combate ao vetor é responsabilidade de quem? Não é querendo tirar a responsabilidade do Ministério da Saúde na linha de frente, mas cada cidadão tem que controlar a presença do mosquito em casa. Não é só cobrar das autoridades sanitárias. Cada um tem que fazer a sua parte! Além disso, os recursos para o combate a todo tipo de doença ou vírus é da união, do estado e dos municípios. Os municípios têm que alocar 15 % do seus orçamentos para a Saúde. Os estados, 12 %. Já a união, é quem repassa a maioria desses recursos.

Perguntado pela reportagem do TNH1 sobre os possíveis casos de hepatite de origem desconhecida, Queiroga respondeu que o Ministério da Saúde acompanha e monitora os registros, porém, segundo o ministro, nenhum caso ainda foi confirmado.

Casos de dengue em Maceió -  A Gerência das Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulgou, no começo de maio de 2022, os resultados do 2º Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (Liraa) de 2022. A pesquisa demonstrou que dos 50 bairros da capital, 20% deles estão em situação satisfatória, 44% em alerta e 36% são considerados em risco para ocorrência de epidemia de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Realizado pela Coordenação do Programa de Controle do Aedes aegypti, o 2º Liraa foi feito no período de 25 a 29 de abril e o resultado refletiu o trabalho de inspeção que as equipes de campo desenvolveram em 16.555 imóveis da capital. Neste segundo levantamento de 2022, os índices de infestação mais elevados foram identificados nos bairros Jaraguá (12%), Jardim Petrópolis (11,81%), Poço (10%), Ponta da Terra (8%), Ouro Preto (7,70%) e Gruta de Lourdes (7,31%), que apresentaram índices de infestação predial acima de 4% e risco de epidemia de arboviroses.

Já os bairros Pontal da Barra, Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Santos Dumont, Rio Novo, Santa Amélia, Trapiche da Barra, Chã de Bebedouro, Petrópolis, Barro Duro, Benedito Bentes, Pajuçara, Jacintinho, Santa Lúcia, Prado, Feitosa, Ponta Grossa, Ipioca, Chã da Jaqueira, Riacho Doce, Clima Bom e Mangabeiras seguem em estado de alerta de ocorrência de transmissão das arboviroses (dengue, zika e chikungunya) por apresentarem índices de infestação do mosquito de 1% a 3,9%, podendo haver epidemia nos 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º Distritos Sanitários.

Casos de dengue no estado de Alagoas - Segundo dados da Secretaria de Estado e Saúde de Alagoas (Sesau- AL) de janeiro a abril deste ano, Alagoas registrou 2.870 casos de dengue, contra 491 do mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 584%, mas sem o registro de óbitos confirmados. Com relação à chikungunya, o Estado registrou 413 casos nos quatro primeiros meses deste ano, contra 53 em 2021, o que equivale a um crescimento de 779%. E quanto à Zika, foram confirmados 34 casos nos primeiros quatro meses do ano passado, contra 143 neste ano, evidenciando uma alta de 420%.

Conforme a Nota Técnica, no acumulado das Semanas Epidemiológicas de 1 a 16, já são 3.361 casos suspeitos de dengue em 62 municípios, o que representa 60,68%. Já os 40 municípios restantes estão sem registro, considerados silenciosos. Já nas últimas quatro Semanas Epidemiológicas, de 13 a 16, são 40 os municípios que apresentam com notificações, com destaque para os municípios de Atalaia, Barra de São Miguel, Branquinha, Marechal Deodoro, Matriz do Camaragibe, Porto de Pedras, Quebrangulo e União dos Palmares, que sinalizam para situação de alerta e risco de surto ou epidemia