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Impacto da pandemia na Champions não tira seu brilho

13/04/21 - 09h30

O Real Madrid foi dominante na última década vencendo  4 títulos – Fonte: Wikimedia Commons


A edição 2020/21 da Champions League já está nas quartas de final e o torcedor teve vários momentos marcantes antes mesmo das fases decisivas. O PSG indo até Barcelona e vencendo por 4 a 1, a eliminação da Juventus pelo valente Porto, a incrível eliminatória entre Sevilla e Borussia Dortmund, enfim, grandes momentos da maior competição de clubes do mundo.

A graça do torneio é que quem entrar na bet365 Champions League com certezas e fizer palpites sem levar em conta a possibilidade de uma surpresa pode se dar muito mal. Na temporada passada, por exemplo, o Bayern de Munique era uma força inegável, mas ninguém esperava que fizesse Messi e o Barcelona sofrerem oito gols em 90 minutos. Já o PSG, que muitos descredenciavam por sempre falhar na decisão, chegou até a final.

E aqui está o charme da Champions: os dois times voltam a se enfrentar, agora pelas quartas de final. A pena é que ainda não teremos estádios cheios.

Impacto grande, mas não anulou

Não poder ter público nos estádios é um enorme problema para o futebol europeu, já que a renda com bilheteria e o chamado match day – consumo nos estádios, venda de produtos licenciados, etc – são muito importantes para o faturamento. Especialmente em jogos de Champions League, onde tudo pode ser cobrado mais caro pelo evento especial que é.

Entretanto o fato de ter o jogo já é algo positivo porque os direitos televisivos são vendidos por preços altíssimos. Só na edição 2019/20 foram divididos 2,04 bilhões de euros (mais de 13 bilhões de reais) entre os participantes da competição.

Essa é uma receita direta, ao que se soma premiações, a venda de patrocínios mais caros, valorização de jogadores, enfim, as oportunidades que a Liga dos Campeões traz segue sem paralelos no futebol, só tendo algo similar nas grandes ligas americanas (NBA de basquete e NFL de futebol americano).

A internacionalização da competição

É interessante notar como a trajetória da Liga dos Campeões até ter seu status atual é algo impressionante usando como referência a Copa Libertadores. Ambas foram criadas basicamente ao mesmo tempo (1955/56 e 1960, respectivamente).

O futebol disputado não tinha grandes diferenças até recentemente. Se o Real Madrid dominou os primeiros anos com uma seleção composta por Di Stefano e Puskas, a Libertadores teve o Santos de Pelé vencendo logo de cara. O futebol era tão comparável que na disputa entre os vencedores das duas competições havia igualdade até os anos 90.

Entretanto a diferença na organização foi crescendo. A UEFA, apesar de não ser uma instituição livre de problemas como corrupção, teve visão de negócio para internacionalizar a marca. A abertura para jogadores estrangeiros, a venda de direitos mesmo com preços baixos, para chegar a outros países, o jogo único na final para criar um grande evento, tudo isso contribuiu.

Além do aumento da Europa em si, que foi crescendo em tamanho, se unindo com a União Europeia e incorporando diversos países. A espetacular final de 2005 entre Milan e Liverpool, onde os italianos abriram 3 a 0 no primeiro tempo, sofreram o empate no segundo e viram os ingleses vencer nos pênaltis, foi em Istambul, na Turquia. Países que estavam atrás da cortina de ferro também colocam representantes na competição, inclusive a Rússia.

Já a Conmebol não teve a visão de crescimento mesmo com times tradicionais, jogadores espetaculares e países com tradição e peso no futebol mundial. O Brasil é pentacampeão mundial, a Argentina e o Uruguai venceram duas vezes a Copa do Mundo. Entretanto Peñarol, Nacional, Independiente e muitos clubes de história espetacular não são tão conhecidos no mundo. Nem de perto tem o poder das marcas de Barcelona e Real Madrid.

Para correr atrás é preciso ver o que a UEFA fez e copiar. Hoje é possível, no Brasil, ver uma final de Liga dos Campeões no cinema, seguir os clubes nas redes sociais porque estes criam conteúdo em diversas línguas e seus produtos licenciados chegam nas lojas até mais do que produtos de equipes do próprio Brasil.

Claro que todo o dinheiro envolvido ajuda, mas a organização e visão servem como exemplos. E por isso a Liga dos Campeões é uma competição tão querida e que chama a atenção dos fãs de futebol.