Jornalista Josias de Souza, no portal “UOL”:
“Um dos grandes erros da humanidade é a desfaçatez não doer. Augusto Aras arrastou uma asa para Lula nas redes sociais ao se vangloriar, dias atrás, de ter usado a chefia do Ministério Público Federal para ‘enfrentar e desestruturar as bases do lavajatismo’.
O flerte de Aras foi correspondido por Lula. Em entrevista à Record, o inquilino do Planalto admitiu que pode presentear o antiprocurador com um terceiro mandato. ‘Possivelmente, eu vou conversar com o Aras, como eu vou conversar com outras pessoas’, declarou Lula.
Em quatro anos de Presidência, o capitão não conseguiu realizar o sonho da reeleição. Encontrou, porém, uma maneira de retardar a realização dos seus pesadelos. Aras não se opôs aos atos antidemocráticos, não viu crimes na condução da pandemia, defendeu no Supremo a legalidade do orçamento secreto e deu de ombros para a campanha de Bolsonaro contra o sistema eleitoral.
Tanta licenciosidade jurídica encantou Lula. Com inveja da impunidade alheia, o presidente seminovo foi momentaneamente seduzido pelo desejo de comprovar que o impossível na política é apenas um paroxítono que carrega o possível enfiado dentro de si.
Quando Bolsonaro levou uma paulada das urnas de 2022, imaginou-se que certas reputações estivessem juradas de morte. À procura de um escudo, não de um procurador-geral, Lula sinaliza que enxerga em Aras uma biografia cheia de vida.
Se confirmar a recondução do impensável em setembro, Lula será acusado por Bolsonaro de plágio.”
Gostou? Compartilhe
LEIA MAIS
+Lidas
