Contextualizando

“Lula prega democracia no Brasil e oferece carinho a ditaduras companheiras”

Em 24 de Janeiro de 2023 às 18:02
Jornalista Josias de Souza, no portal UOL:

“A menos de um mês no Poder, Lula desperdiça metade do seu tempo administrando o rescaldo de um golpe fracassado e escolhendo os militares bolsonaristas que enviará para o freezer. Quando se imaginava que Lula havia colecionado razões para se dissociar de regimes autoritários, ele decidiu afagar duas ditaduras companheiras em sua passagem pela Argentina. Numa entrevista coletiva, Lula e o colega argentino Alberto Fernández defenderam o diálogo com Cuba e Venezuela. A certa altura, Lula disse que ‘os cubanos não querem copiar o modelo do Brasil. Não querem copiar o modelo americano. Eles querem fazer o modelo deles. E quem é que tem alguma coisa a ver com isso?’.

Se esse raciocínio fosse aplicado ao caso brasileiro, o mundo teria dado uma banana para Lula no 8 de janeiro. E o que se viu foi uma rede internacional de solidariedade instantânea à democracia brasileira..

Ao enaltecer a Celac, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que se reúne nesta terça-feira em Buenos Aires, Lula fez uma menção especial a dois dos 33 paises-membros: ‘O Brasil, sobretudo o Brasil, e os países que compõem a Celac, têm que tratar Cuba e Venezuela com muito carinho. No que pudermos ajudá-los a resolver seus problemas, vamos ajudar.’ Uma coisa é respeitar a soberania alheia e a autodeterminação dos povos. Outra coisa bem diferente é oferecer ‘carinho’ a ditaduras. Uma coisa é cultivar relações diplomáticas acima das ideologias. Outra coisa é ignorar que países democráticos não devem afagar regimes que desprezam os valores mais elementares da

democracia e os direitos humanos.

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Lula havia programado uma reunião com Nicolás Maduro. Foi presenteado com a ausência do personagem. Ainda assim caprichou na meiguice. Ironicamente, Lula enfrenta no Brasil um flagelo bolsonarista que inferniza os venezuelanos: o aparelhamento das Forças Armadas e das corporações policiais. Ao oferecer carinho a quem merece repúdio, Lula contribui para retardar o derretimento político de Bolsonaro.”

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