Saúde

MS diz que 30,4 milhões de doses da vacina contra Covid-19 podem ser entregues até janeiro

TNH1 com Folha de São Paulo | 27/06/20 - 14h20
Pixabay

O acordo entre Brasil e Reino Unido para a pesquisa e produção da vacina contra a Covid-19, com desenvolvimento feito pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, prevê a transferência de tecnologia e a compra de lotes da vacina. Em primeiro momento, com a confirmação de eficácia do procedimento, 30,4 milhões de doses devem ser entregues em dois lotes: 15,2 milhões em dezembro de 2020, e 15,2 milhões em janeiro de 2021.

Conforme comunicou o Ministério da Saúde, após as duas entregas, 70 milhões de doses podem ser produzidas para distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A prioridade inicial - as 30 milhões de doses - é para o grupo de risco e para profissionais de saúde.

Os custos da fase inicial, segundo o governo, são no valor total de U$ 127 milhões (R$ 695 milhões), incluídos os custos de transferência da tecnologia e do processo produtivo para Fiocruz, estimados em U$ 30 milhões (R$ 165 milhões).​ 

Na segunda fase, das 70 milhões de doses, o custo estimado é de US$ 2,30 por dose. Com isso, a expectativa é que o Brasil gaste US$ 161 milhões. O governo informou que enviou a carta de intenções participar do consórcio internacional cujo objetivo é desenvolver e distribuir a potencial vacina.

Para ser concluído, o acordo, contudo, ainda depende de um processo legal entre a Fiocruz e AstraZeneca.

A ideia do governo é adquirir a tecnologia para produção da vacina que vem sendo desenvolvida pela Oxford, mesmo sem os resultados clínicos finais na prevenção contra o novo coronavírus.

“O governo federal considera que esse risco de pesquisa e produção é necessário devido à urgência pela busca de solução efetiva para manutenção da saúde pública e segurança para retomada do crescimento brasileiro”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

Os técnicos do governo ressaltaram que a vacina em desenvolvimento pela Oxford é a que está em estágio mais avançado no mundo e tem apresentado uma resposta imunológica bastante significativa, mas, se nos testes finais (ensaio clínico), a vacina não se mostrar segura, o governo não irá usá-la.

Em caso de um resultado frustrado na eficácia da vacina, o Ministério da Saúde diz que a parceria é positiva por permitir uma melhoria no parque tecnológico da Fiocruz e da BioManguinhos, laboratório da Fiocruz.

O acordo envolve a importação da matéria-prima (ingrediente farmacêutico ativo, já pronto) e conhecimento para a produção da vacina, que será finalizada pela Fiocruz no fim do ano e começo de 2021.

Na segunda etapa, que depende de comprovação de resultados clínicos da vacina, então, seria ampliada a compra do ingrediente farmacêutico ativo, mas a Fiocruz já terá mais autonomia de capacidade produtiva no Brasil.

O governo ainda não tem uma previsão de quando passará a produzir esse insumo, o que daria domínio completo do país na fabricação da vacina à Covid-19. Isso será avaliado nos próximos meses e depende do plano a ser traçado pela Fiocruz.

Há dúvidas se produzir o princípio ativo no Brasil seria realmente mais barato do que importá-lo. Mesmo assim, o acordo anunciado nesta sábado deverá dar ao Brasil a capacidade de desenvolver todo o processo da vacina, o que é considerado estratégico pelo governo.

Na última terça (23), o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello já havia informado que o acordo deveria ser assinado ainda nesta semana.

"Estamos fechando com a Casa Civil a assinatura e o compromisso de participação do Brasil. Estamos em ligações paralelas com a universidade e a AstraZeneca bem adiantadas, envolvendo a Fiocruz e a BioManguinhos [laboratório da Fiocruz]", disse, em audiência com o Congresso na terça.

O objetivo do governo é evitar problemas identificados no início da pandemia, quando houve dificuldade no acesso a materiais necessários no combate à Covid-19.

“Agora avançaremos na prevenção da doença”, afirmou Franco, neste sábado, ressaltando que o Brasil é uma referência mundial em relação à vacinação, especialmente por causa do SUS (Sistema Único de Saúde).

O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros, frisou que o Brasil já tem experiência na distribuição de vacinas e em campanhas de vacinação. Por isso, assim que produzidas, as vacinas precisam apenas de alguns dias para chegar à população.

O primeiro lote da primeira etapa da parceria, que inclui a produção de 15 milhões de vacinas, será focada no grupo prioritário (que apresenta maior risco ao coronavírus).

O governo também vai analisar a evolução da pandemia em casa estado do país para traçar a estratégia correta de distribuição das vacinas.

O plano do Ministério da Saúde é que as 100 milhões de doses sejam usadas para vacinar idosos, pacientes com comorbidade, profissionais de saúde, professores, indígenas, pessoas em privação de liberdade, profissionais de segurança pública, de salvamento e motoristas de transporte coletivo.

“Se nós tivermos segurança e eficácia da vacina, essa seria a cobertura que a vacina poderia alcançar”, afirmou Medeiros.​

A vacina em estudo foi desenvolvida pelo Jenner Institute da Universidade de Oxford, em trabalho com o Grupo de Vacinas de Oxford.

Em nota, o presidente da AstraZeneca Brasil, Fraser Hall, disse que a potencial vacina “ainda está em pesquisa clínica, mas nós reconhecemos a necessidade de uma resposta rápida para este problema global, por isso estamos acelerando nossos planos de produção e distribuição da vacina”.