Justiça

"Não sei por qual motivo ela tirou a vida de meus irmãos", diz filho de Arlene Régis

19/03/18 - 13h57
TNH1

"Não sei por qual motivo ela tirou a vida de meus irmãos". Sobrevivente do crime cometido pela mãe, a ré Arlene Régis dos Santos, julgada nesta segunda-feira (19) pelo duplo homicídio contra dois filhos, em 2009, o jovem Arlanicson Pedro Santos Nobre, de 23 anos, desabafou durante depoimento na 8ª Vara Criminal de Maceió, no Fórum do Barro Duro.

Na audiência, o jovem admitiu ter sofrido uma tentativa de estrangulamento pela mãe, que sofre de um transtorno mental confirmado por laudo psiquiátrico, mas sobreviveu e fugiu. "Acordei com ela em cima de mim tentando me estrangular com um pano. Depois, ela desistiu e a gente conversou. Foi quando ela disse o que tinha feito com meus irmãos. Na hora, não acreditei, mas desci as escadas e fui pedir ajuda", declarou.

Arlanicson Pedro lembra que, antes do crime, a mãe estava inquieta e andava pela casa demonstrando algum tipo de perturbação. Ela chegou a oferecer remédio para o filho, que se recusou a tomar.

"Horas antes do crime, minha mãe chamou meus dois irmãos para irem dormir no quarto dela, o que não era incomum. Mas antes disso, ela estava muito perturbada. Subia e descia as escadas de casa sem parar. Ainda pela noite, ela me ofereceu Rivotril, mas cuspi o remédio e fui dormir", informou. 

O jovem ainda relatou que presenciou a mãe ter um ataque de fúria quando o então marido, Abelardo Pedro Nobre Junior, falou que queria se separar. "Eu a vi deitada no chão, gritando", disse afirmando que nunca percebeu a mãe incorporada por algo espiritual, como ela chegou a informar após ser presa.

Perito afirma que ré tinha consciência do que fazia


O psiquiatra Ronaldo Lopes, que atuou como perito do caso, esclareceu que a ré demonstrou total capacidade de entendimento da reprovabilidade do seu ato, no entanto possuía uma capacidade de autodeterminação reduzida, mas não ausente. O transtorno de personalidade borderline que acomete Arlene, explicou Ronaldo, fica no campo da perturbação mental, não se caracterizando como uma doença mental.

O psicólogo José Adão Lima atuou em conjunto com o psiquiatra. Afirmou que a ré agiu com “consciência plena” do que fazia. “Foram aplicados testes psicológicos e realizada uma entrevista clínica. Não se encontrou patologia, e sim conflitos intrapsíquicos”. Adão enfatizou que Arlene recordou de todos os detalhes da execução do crime.


O Ministério Público Estadual (MPE) acusa a ré de duplo homicídio triplamente qualificado pela morte dos dois filhos e pediu a sua condenação durante o julgamento na manhã de hoje. O júri segue nesta tarde.