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OMS afirma que 500 sírios tiveram sintomas de exposição a arma química

Organização exigiu acesso imediato à região de Duma, onde um suposto ataque químico matou mais de 40 pessoas no sábado

11/04/18 - 16h28
Syrian Civil Defense/AFP


A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quarta-feira que cerca de 500 pessoas foram tratadas por “sinais e sintomas condizentes com a exposição a produtos químicos tóxicos” depois de um possível ataque com gás venenoso em um bastião rebelde da Síria. A organização repudiou o incidente.

“Havia sinais em particular de irritação grave das membranas mucosas, dificuldades respiratórias e perturbação do sistema nervoso central”, disse a agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) em um comunicado emitido em Genebra.

O comunicado alertou que a OMS não tem nenhum papel formal nas investigações forenses sobre o uso de armas químicas. Inspetores internacionais de armas químicas estão buscando garantias de passagem livre para Duma da parte de Damasco para determinar se munições proibidas em todo o mundo foram usadas, mas não atribuirá culpa.

A OMS também disse haver relatos de que mais de 70 pessoas que se abrigavam de bombardeios em porões no antigo bolsão rebelde de Ghuta Oriental, onde Duma se localiza, morreram.

Segundo a entidade, 43 destas mortes foram “relacionadas a sintomas condizentes com a exposição a produtos químicos altamente tóxicos“, citando relatos de seus parceiros de saúde locais.

“Todos nós deveríamos estar revoltados com estes relatos e imagens horríveis de Duma”, disse Peter Salama, vice-diretor-geral de prontidão e reação a emergências da OMS. “A OMS exige acesso imediato e desimpedido à área para levar ajuda aos afetados, para acessar os impactos de saúde e para proporcionar uma assistência de saúde pública abrangente”, afirmou.

As agências de assistência da ONU não têm acesso à maior parte de Ghuta Oriental, de onde os insurgentes estão se retirando em respeito a um acordo com o governo sírio que restaurou o controle estatal sobre a região.

A OMS disse ter treinado mais de 800 agentes de saúde sírios para reconhecer sintomas e tratar pacientes expostos a armas químicas e ter distribuído antídotos contra agentes nervosos.

Acusações

O ataque químico de sábado provocou um acirramento das tensões entre as forças do governo de Bashar al-Assad e da Rússia com potências ocidentais. Os Estados Unidos acusam ambos os países e o Irã de serem os responsáveis pelos ataques e prometeram uma resposta. A Rússia, por outro lado, diz não ter encontrado indícios de uso deste tipo de armamento em Duma e pediu à Opaq(Organização para a Proibição de Armas Químicas) para realizar uma investigação independente.

Na terça-feira, a Rússia vetou uma proposta de resolução do Conselho de Segurança da ONU para criar um novo inquérito investigando responsabilidades por ataques com armas químicas na Síria.