Futebol

Operação Cartola: MP-PB denuncia dirigentes paraibanos, empresário e árbitro alagoanos

Empresário Alex Fabiano e árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que não foram citados na primeira denúncia feita em junho, estranham nova denúncia, se defendem e afirmam estar tranquilos

Redação TNH1 com infromações da Ascom do MPPB | 05/09/18 - 17h03

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou, na última terça-feira (4), 11 pessoas na 'Operação Cartola', suspeitas por prática de crimes relacionados à manipulação de resultados de jogos do Campeonato Paraibano de Futebol. Dentre os denunciados estão o árbitro Francisco Carlos do Nascimento, o Chicão, e o empresário Alex Fabiano. 

O grupo foi dividido em duas denúncias, que foram distribuídas à 4a Vara Criminal de João Pessoa. A primeira denúncia tem como alvo oito pessoas (entre elas os principais dirigentes do Botafogo Futebol Clube) e a segunda, contra três pessoas (entre elas o presidente do Campinense). Elas são acusadas por supostamente praticar ilícitos, como fraudes em documentos, em sorteios dos árbitros a serem escalados nas partidas dos jogos e na própria arbitragem para beneficiar seus clubes.

Em contato com o TNH1, o árbitro Francisco Carlos do Nascimento afirmou estar tranquilo quanto à denúncia e se mostrou surpreso, já que o Ministério Público o havia isentado na denúncia de 17 pessoas em junho

"Fiquei sabendo. Estou tranquilo porque não tem nenhum fato novo. É aquilo que foi lá atrás, que o próprio Ministério Público me absolveu. Não tem nada de novo, é a mesma coisa. Um promotor ofereceu a denúncia, a Justiça vai ver se acata ou não. Mas não tem nada, é a mesma coisa do passado. Estou bem tranquilo. Falei com os advogados, que falaram para eu ficar tranquilo, que não tem nada, é a mesma coisa lá de trás. Infelizmente, às vezes, nós estamos acompanhando o que vem acontecendo no país na justiça, uma pessoa diz uma coisa, outra diz outra. E aí quem se prejudica é quem está em uma situação dessa. Fui absolvido lá atrás pelo próprio Ministério Público de lá. Agora um promotor ofereceu a denúncia e a Justiça ainda nem aceitou. Estou tranquilo. Agora é aguardar para quando for chamado, levar as mesmas coisas que levei da outra vez". 

O TNH1 ouviu também o empresário Alex Fabiano, que igualmente disse estar surpreso com a nova denúncia emitida pelo MP. 

"Eu estava muito tranquilo porque quando fui dar o depoimento lá em João Pessoa para o Dr. Lucas de Sá. Falei toda a verdade que aconteceu. Ele até me falou 'Alex, um dos caras que veio aqui e fez o depoimento, que a gente sabe que falou a verdade, foi você'. Se você perceber, dar uma olhada no primeiro resultado do inquérito que saiu, o meu nome não saiu. Ele falou que talvez eu fosse chamado para ser uma testemunha no processo do julgamento, alguma coisa assim. E ontem chegue de viagem e fui pego de surpresa porque incluíram meu nome de novo. Eu até entrei em contato com o doutor. Lucas de Sá porque meu nome não estava no dos que foram indiciados. Ele falou que está de férias e até ele não sabia do fechamento da operação para o Ministério Público. E aí colocaram meu nome. Já passei para os meus advogados, que vão analisar e acompanhar o processo. Vamos ver o que vai acontecer", disse o empresário. 

Nesta nova denúncia, o MPPB requereu a instauração do processo penal contra os denunciados e pugnou pela destituição de todos os réus que ocuparem cargos no Botafogo Futebol Clube e no Campinense.

Além de oferecer mais duas denúncias relacionadas à 'Operação Cartola', o MPPB também pediu o arquivamento dos dois inquéritos policiais instaurados para apurar a participação de dirigentes de outros dois clubes profissionais no esquema criminoso: o Sousa Esporte Clube e Treze Futebol Clube. Segundo o Gaeco, as investigações não demonstraram a materialidade dos crimes apontados e as ilações feitas nos inquéritos policiais trouxeram apenas evidências de autoria, sendo incapazes de motivar uma denúncia ministerial contra os indiciados.

A operação

A 'Operação Cartola' foi deflagrada no último mês de abril pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco/MPPB) e pela Polícia Civil da Paraíba. As investigações foram iniciadas pela Delegacia de Defraudações de João Pessoa (para apurar supostos desvios de valores nas prestações de contas da Federação Paraibana de Futebol – FPF) e, posteriormente, aprofundadas pelo Gaeco. Elas revelaram a existência de uma Organização Criminosa (Orcrim) formada por membros da FPF, da Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (Ceaf), do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba (TJD/PB) e dirigentes de clubes de futebol profissional do Estado da Paraíba (os cartolas) que, há anos, obtinham diversas vantagens, entre elas a financeira, através de esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol.

A primeira denúncia da 'Operação Cartola' foi feita em junho deste ano contra 17 pessoas acusadas de constituir a Orcrim e praticar diversos crimes para manipular o resultado das partidas de futebol.

Quatro inquéritos policiais foram instaurados para investigar a participação de clubes profissionais no esquema criminoso de manipulação de resultados de jogos do Campeonato Paraibano: o Treze, o Botafogo da Paraíba, o Sousa e o Campinense. As investigações resultaram no oferecimento de mais duas denúncias (uma relacionada à participação de dirigentes do Botafogo e outra, contra o principal dirigente do Campinense) e no pedido de arquivamento dos inquéritos contra dirigentes do Sousa e do Treze.

Denunciados

1. José Freire da Costa ('Zezinho Botafogo', presidente do Botafogo-PB)
2. Guilherme Carvalho do Nascimento ('Novinho', vice-presidente do Botafogo-PB)
3. Francisco de Sales Pinto Neto (diretor do Botafogo-PB)
4. Alexandre Cavalcante Andrade Araújo (procurador do Botafogo-PB)
5. Breno Morais Almeida (dirigente do Botafogo-PB)
6. Alex Fabiano dos Santos
7. José Renato Albuquerque Soares
8. Tarcísio José de Souza 
9. José William Simões Neto (William Simões, principal dirigente do Campinense)
10. Danilo Ramos da Silva
11. Francisco Carlos do Nascimento