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Operação da Braskem no México tem caixa apertado e corre risco

Em 30 de Agosto de 2025 às 10:00

Jornalistas Talita Nascimento e Cynthia Decloedt:

"A Braskem Idesa, subsidiária da Braskem no México, é mais uma das grandes dores de cabeça da petroquímica brasileira neste momento. A preocupação na operação mexicana está em sua capacidade de gerar caixa suficiente para evitar uma renegociação de sua dívida, cujos principais vencimentos se concentram a partir de 2029. Esse temor já se reflete há tempos nos preços dos títulos de dívida da Idesa, que são negociados com desconto no exterior.

A companhia vive um problema crônico de abastecimento de etano pela Pemex, petroleira estatal mexicana que passa por reestruturação financeira e fiscal, com o suporte de um fundo de investimento de cerca de US$ 13,32 bilhões. Essa dificuldade da fornecedora em cumprir com os contratos levou a Braskem a construir um terminal marítimo, concluído recentemente, para importar matéria prima.

Ainda assim, depende do abastecimento da Pemex que, mesmo que reduzido em relação ao passado, continua não acontecendo conforme o previsto em contrato. Fontes ligadas à Braskem lembram que essa é uma questão recorrente da relação das duas empresas.

Alta alavancagem

A dívida líquida da Braskem Idesa é de cerca de US$ 2 bilhões, com alavancagem de 10,21 vezes (Dívida líquida sobre Ebitda Recorrente). Em 2029, se concentram 44% dos vencimentos da empresa, somando US$ 995 milhões.

Na visão do corresponsável de research do banco de investimento norte-americano BCP Securities, Arturo Galindo, o maior risco da Idesa é de liquidez, a empresa pode ter fôlego até 2029, mas não há margem para qualquer imprevisto ou erro.

Segundo Galindo, a operação nunca conseguiu rodar a plena capacidade por problemas de abastecimento ligados à Pemex, chegando a operar com até 50% da capacidade. Com o terminal construído e o fim de paradas de manutenção que já estavam previstas, a Idesa teria, finalmente, a oportunidade de rodar a 90% ou 95% da capacidade. Nesse cenário e considerando que o ciclo petroquímico não piore, a Idesa poderia chegar a 2029, diz.

Problema até saiu no balanço

O problema com abastecimento já foi relatado no balanço do segundo trimestre de 2025: 'O volume de vendas de polietileno foi menor, em função da menor disponibilidade de produto para venda dado o início da parada geral de manutenção na central petroquímica da Braskem Idesa e do menor fornecimento de etano da Pemex, impactando o processo de formação de estoques anterior à parada geral de manutenção'.

Em comunicado ao mercado, a Braskem disse que 'têm discutido uma ampla gama de opções para lidar com os atuais desafios da estrutura de capital da Braskem Idesa'.

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