Jornalista Josias de Souza:
“A maior injustiça que se pode cometer com o general expurgado da chefia do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República é atribuir-lhe toda a responsabilidade pela inclusão do governo no polo passivo das investigações sobre o 8 de janeiro.
O nome do problema é Lula, não Gonçalves Dias. Deve-se a Lula o fato de o Planalto ter sido arrastado para uma ribalta que vinha sendo monopolizada por Bolsonaro e pelo bolsonarismo.
O presidente cometeu dois erros crassos. Num, Lula travou em janeiro a instalação de uma CPI sobre o golpismo que seria instalada no Senado por iniciativa dos seus aliados. Noutro equívoco capital, Lula se absteve de afastar o amigo Gonçalves Dias
nas pegadas dos atos golpistas.
As evidências demonstraram que a ação dos vândalos que depredaram a sede do governo foi facilitada pela inação de integrantes das Forças Armadas que deveriam proteger o Planalto.
Impactado pela solidez dos indícios de inépcia dos hipotéticos guardiões da sede do governo, Lula determinou o afastamento de militares bolsonaristas que sobreviveram à alternância no poder. Ordenou também a higienização e o esvaziamento do GSI. Mas forneceu proteção ao general que comandava o órgão.
Agora, o governo é compelido pelas circunstâncias a participar de uma CPI mista convocada por iniciativa do bolsonarismo. E enfrenta o constrangimento de admitir que o general protegido por Lula foi, no mínimo, incompetente e omisso no cumprimento de suas atribuições mais elementares.
A admissão tornou-se incontornável diante da divulgação do vídeo que expôs Gonçalves Dias desfilando sua complacência em meio aos criminosos que vandalizaram um prédio público que ele tinha a obrigação funcional de proteger”.