Contextualizando

“Os dois lados” – exemplos de combate à impunidade e de respeito a quem exerce função pública

Em 17 de Junho de 2023 às 12:26

Pedro Valls Feu Rosa, desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, no portal “Diário do Poder”.

“Não faz muito tempo li que Takemasa Moriya, aos 64 anos de idade, foi condenado a amargar dois anos e meio em uma das prisões japonesas. O crime dele: aceitar propina e mentir perante o Parlamento. Moriya foi Vice-Ministro da Defesa do Japão. Quando no exercício do cargo aceitou de Motonobu Miyazaki, um executivo da empresa Yamada, que tinha contratos com o Ministério da Defesa, três viagens para jogar golfe. Estes três passeios, incluindo passagens e estadia, custaram em torno de R$ 77 mil. Ele ganhou ainda 108 convites para jogar golfe em um clube, válidos por um dia.

Moriya não ganhou apenas convites para jogar golfe. A empresa Yamada custeou-lhe os equipamentos, gastando outros R$ 70 mil. Este foi o seu primeiro crime. O segundo foi ter mentido perante o Congresso quando das apurações, sustentando nada ter recebido da empresa.

Moriya não foi o único condenado. Por tê-lo subornado Motonobu Miyazaki, de 70 anos, vai cumprir dois anos de prisão. O presidente da empresa Yamada não ficou de fora: foi condenado a 18 meses no cárcere.

Sob o rótulo de ‘desonrado’, Moriya foi afastado da vida pública.

Poucos meses depois destes graves acontecimentos o parlamentar Hisayasu Nagata acusou o filho do Secretário-Geral do Partido do Governo, Tsutomu Takebe, de receber ilegalmente de uma dada empresa cerca de R$ 540.000,00.

Esta grave acusação, endossada por seu Partido, o DPJ, foi objeto de rigorosa apuração e constatada manifestamente infundada. A imprensa passou a qualificá-la como um ‘fiasco’.

O acusador, o parlamentar federal Hisayasu Nagata, sob pressão da imprensa e da opinião pública, renunciou ao mandato – considerou-se que tinha sido irresponsável para com a honra alheia em sua função de oposicionista.

No mesmo dia em que o parlamentar Nagata renunciou ao mandato toda a cúpula de seu partido político, o DPJ, igualmente renunciou aos seus cargos de direção – desde o presidente até o secretário-geral. A opinião pública considerou inadmissível o fato de um partido de oposição endossar denúncias sem checar a procedência das mesmas.

O Japão, evidentemente, não é um país perfeito – tem lá suas graves falhas por corrigir. Mas eis aí dois bons exemplos de combate à impunidade e igualmente de respeito à honra e à imagem daqueles que exercem função pública.”

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