Contextualizando

Para justificar apoios no 2º turno prevalece o “esqueçam o que eu disse”

Em 4 de Outubro de 2022 às 18:03

Quando era Presidente da República, certa vez Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi questionado por promessas de campanha não cumpridas e saiu-se com essa: “Esqueçam o que eu disse”.

A expressão entrou no anedotário político e na atual campanha presidencial está sendo reeditada, de forma até mais contundente, por lideranças políticas que aderiram à campanha do PT, após manifestações pejorativas contra o partido e, particularmente, o seu candidato, Lula.

A mudança de Geraldo Alckmim (PSDB), adversário histórico do PT, adquiriu maior repercussão porque o ex governador se expôs mais, no passado, com declarações em vídeos contra Lula, chegando a dizer que o candidato do PT “quer voltar ao local do crime” (sobre sua pretensão de retornar ao Palácio do Planalto) e acabou como vice na chapa de… Lula.

Marina Silva, hoje filiada à Rede de Sustentabilidade, foi senadora pelo PT, rompeu com a legenda e disputou a Presidência da República contra o partido, passando a ser crítica da antiga legenda até algumas semanas atrás, quando esqueceu o que dizia e anunciou engajamento à campanha de Lula.

A mais recente metamorfose atinge Ciro Gomes, ex governador do Ceará, ex deputado federal e ex ministro, que após perder a eleição de presidente, em 2018, viajou para a Paris para não votar no PT no segundo turno daquela eleição, apesar dos apelos petistas.

Ciro candidato de novo este ano pelo PDT e nesta terça-feira anunciou que agora está engajado à candidatura de Lula, com os seguintes argumentos:

“Eu acompanho a decisão do meu partido, o PDT. Entre as circunstâncias, é a última saída. Lamento que a veia democrática tenha se afunilado a tal ponto que restem aos brasileiros duas opções, a meu ver insatisfatórias. Não acredito que a democracia esteja em risco nesse embate eleitoral, mas sim no seu absoluto fracasso em construir um ambiente de oportunidades que enfrente a mais massiva crise social e econômica, que humilha a esmagadora maioria do nosso povo”.

Até o último final de semana Ciro Gomes tinha outros argumentos para se referir a Lula e ao PT, totalmente diversos, como, por exemplo:

“Se o Brasil elege um cara desses, sem nem sequer obrigá-lo a se explicar, nós não teremos mais nem a menor moral nessa geração para ensinar pra juventude, pra nossos netos, para nossos filhos, que o crime não compensa. Nós estaremos ensinando para todo mundo que o crime compensa.”

Quem mudou: Marina Silva, Ciro Gomes ou o PT?

Deixem pra lá… Esqueçam o que eu disse.

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