Tecnologia

Pesquisadores da Ufal participam do maior experimento meteorológico do mundo

01/12/15 - 20h17

Pesquisador no topo da torre (Crédito: Divulgação)

Pesquisador no topo da torre (Crédito: Divulgação)

As pesquisas em desenvolvimento pela Torre Alta de Observação da Amazônia (Torre ATTO), instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatum, localizada no município de São Sebastião do Uatumã, a 247 quilômetros de Manaus, têm a participação dos pesquisadores Roberto Lyra e Marcos Moura, ambos do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat), da Universidade Federal de Alagoas. Eles compõem a equipe que vai estudar o papel do ecossistema amazônico no contexto das mudanças climáticas globais.

Com 325 metros de altura, a torre, erguida no coração da Selva Amazônica, vem monitorando as complexas interações entre a atmosfera e a floresta. O observatório é dotado de instrumentos científicos de alta tecnologia para medir, com precisão, sem precedentes, os fluxos amazônicos de calor, água e gás carbônico e possibilitará à equipe de pesquisadores fazer a análise precisa e detalhada dos padrões de ventos, umidade, absorção de carbono, formação de nuvens e parâmetros meteorológicos.

Para a construção da Torre ATTO, considerada o maior e mais completo observatório do gênero do mundo, foram destinados 8,4 milhões de euros, oriundos do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha; do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil e do Governo do Amazonas. Os estudos envolvem pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Instituto Alemão Max Planck de Química.

Doutor em Física da Atmosfera, o professor Roberto Lyra, da Ufal, esteve na inauguração da Torre ATTO, em agosto passado. Ele integra a equipe de pesquisadores pela vasta formação adquirida em mais de duas décadas. Sua ativa participação em programas científicos resultou numa dinâmica trajetória em estudos na área, também no exterior, a exemplo da Europa e da África.

Na trajetória de pesquisas voltadas às complexas interações entre a atmosfera e a floresta, Roberto Lyra destaca que em 2002 foi criado o Programa LBA [Experimento de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia], operando com torres de, no máximo, 85 metros com estudos focados em dois aspectos: se a Amazônia é o pulmão do mundo e qual o seu papel no clima global. Mas, segundo Roberto Lyra, os esforços feitos não foram suficientes.

A Amazônia emite dois gases que funcionam como núcleo de condensação de chuva e há várias hipóteses, entre elas, a de que a floresta tem influência no clima de todas as regiões do Brasil, até no semiárido. A outra hipótese refere-se à influência do semiárido na Amazônia por meio das trocas, como vapor d´água e calor sensível mútuos”, destacou Roberto.

Monitoramento eficiente

O professor enfatiza que a Torre ATTO, pela grande altura que tem e estrutura montada, proporcionará estudos nas áreas de climatologia, micrometeorologia e química da atmosfera. O avançado observatório fará com precisão o monitoramento dos gases de efeito estufa, liberados pela floresta, e analisados a radiação solar, o ciclo hidrológico, as partículas de aerossóis e seus efeitos sobre a vegetação e sobre os ciclos de nutrientes na floresta.

Caberá às instituições brasileiras, envolvidas no projeto, a exemplo da Ufal, as medições na Amazônia. O Instituto Max Planck, da Alemanha, ficará mais focado nos estudos de gases. “O foco das pesquisas é saber como é a interação da Floresta Amazônica com a atmosfera e o quanto realmente é trocado em termos de energia e de gases. Entendendo isso, pode-se responder a questão: Qual o papel da Amazônia no clima global e regional”, reforçou Roberto Lyra.

A participação dos pesquisadores Roberto Lyra e Marcos Moura em dinâmicos estudos científicos reforçados pela cooperação com o Instituto Alemão Max Planck de Química, não só destaca a Ufal no cenário científico – como o da torre ATTO, o maior experimento do mundo voltado às mudanças climáticas –, mas reflete positivamente no curso de Meteorologia da instituição, por impulsionar a graduação e a pós-graduação, referências de formação qualificada de recursos humanos na área.

Concretização

A empresa paranaense San Engenharia foi a responsável pelo Projeto da Torre ATTO que estará completamente equipada em 2017 e terá anualmente custo operacional de R$ 2 milhões. O transporte de toda estrutura da torre [partes de aço, cabos de sustentação e parafusos] para a construção na Amazônia envolveu seis carretas, saindo de Curitiba-PR até Porto Velho-RO, que percorreram mais de 3 mil quilômetros de estrada. Para a estrutura do observatório chegar ao local de instalação também foram utilizadas balsas durante o percurso.