Brasil

Pressionada, Petrobras reduz preço do diesel em 10% por 15 dias

23/05/18 - 20h26
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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou hoje que reduzirá o preço do diesel nas refinarias por 10% por um período de 15 dias. A medida foi anunciada em um momento em que a estatal é pressionada pela greve dos caminhoneiros, iniciada na segunda-feira, contra o preço do diesel, que acumula uma alta de mais de 50% desde que a empresa adotou uma nova política de preços baseada no mercado internacional.

“Serão 15 dias para desanuviar o ambiente e poder trabalhar. Esse é o tempo para o governo negociar com os caminhoneiros”, afirmou Parente.

A redução de 10% equivalente a 0,2335 centavos por litro no valor médio do diesel comercializado em suas refinarias. Isso significa, segundo a Petrobras, o preço médio de venda nas refinarias será de 2,1016 reais por litro.

A paralisação já afetou vários setores da economia, como abastecimento de supermercados, entrega de legumes, verduras, produção de carnes, laticínios e veículos. Empresas de ônibus não têm combustível para operar nos próximos dias. Alguns aeroportos também sofrem com a falta de querosene de aviação, caso do de Brasília (DF).

Ao anunciar a redução temporária de preço, Parente negou que a medida represente uma mudança na política de preço da estatal. “A atual política de preços da Petrobras é a mais acertada, porque o câmbio e o preço das commodities mudam todo dia. A empresa não pode assumir riscos de mercado. Não consideramos a hipótese de rever essa política.”

Ontem, após se reunir com o ministro da Fazenda, Eduardo, Guardia, o presidente da Petrobras negou que a Petrobras alteraria o preço para conter a greve. O mesmo Guardia, que disse dois dias atrás que não havia espaço para reduzir impostos sobre combustíveis, afirmou ontem que o governo aceitaria zerar a Cide sobre combustíveis se o Congresso votasse o projeto de reoneração da folha de pagamentos. Essa medida, entretanto, tem pouco efeito sobre o preço do combustível: apenas 0,05 centavos por litro.

Como essa medida, entretanto, tem pouco efeito sobre o preço do combustível – apenas 0,05 centavos por litro -, os caminhoneiros mantiveram a paralisação. A decisão da Petrobras de reduzir o preço do diesel foi anunciada após terminar sem acordo a reunião entre representantes do governo com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e dos Transportes, Valter Casimiro. Sem esse acordo, os caminhoneiros estenderam a greve até quinta-feira.

Ao reduzir o preço do diesel, Parente disse que espera que a estatal tenha contribuído para a negociação para o fim da greve. “É importante que as partes, governo e caminhoneiros, tenham boa vontade durante as negociações. O nosso movimento, de manter o preço fixo por 15 dias, não é uma solução definitiva, ela tem que ser dada pelo governo. Fizemos a nossa parte para interromper os transtornos.”

Essa negociação, na opinião do presidente da Petrobras, passa pela redução dos impostos incidentes sobre o preço dos combustíveis. “A negociação [com os caminhoneiros] tem que passar pela discussão da redução da carga tributária. A carga tributária representa a maior parcela da formação dos preços dos combustíveis.”

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que vai incluir a redução de PIS/Cofins para o óleo diesel até o fim do ano no texto do projeto de lei da reoneração da folha de pagamento para reduzir os preços do combustível.