Atualizada às 12h52
Cerca de 20 trechos de rodovias em todo o estado de Alagoas foram paralisados nesta sexta (15) pela manhã por movimentos sociais do campo que, com bandeiras e palavras de ordem, denunciam a violência e a impunidade no campo.
Do Sertão ao Litoral de Alagoas, mais de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais se mobilizaram nos bloqueios das rodovias estaduais e federais.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, todos os trechos interditados foram liberados, com exceção da BR-423, km 78, em Água Branca.
Tinham sido fechados os trechos: BR 101 no km 10 (Novo Lino), no km 31 (Joaquim Gomes), no km 164 (Campo Alegre), e no 191(Junqueiro); BR 104, no km 38 (Lajinha) e no km 50 (Murici) e BR 316 no km 225 (Atalaia).
Segundo o movimento, havia bloqueios ainda em Teotônio Vilela e Flexeiras, na BR 101. E em outras rodovias, eles afirmam que foram fechadas estradas nas cidades de Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Girau do Ponciano, Cajueiro, União dos Palmares, Murici, Campo Alegre, Maragogi, Matriz do Camaragibe, São Luiz do Quitunde e em Porto Calvo.
Segundo José Roberto Silva, da Direção Nacional do MST, a ação relembra os 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, “nossa luta hoje é em memória aos 20 anos de impunidade do assassinato dos trabalhadores rurais Sem Terra em Eldorado dos Carajás, no Pará. Essa impunidade reaviva cada vez mais a violência no campo que está presente em todas as nossas regiões, onde o agronegócio continua matando e massacrando Sem Terra”, disse.
Além do massacre de Eldorado dos Carajás, José Roberto lembra do recente assassinato de dois trabalhadores Sem Terra no Paraná, no último dia 7. Eles faziam parte do Acampamento Dom Tomas Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná.
“Estas ações demonstram uma reação do agronegócio, nesse último período também tivemos ataques de pistoleiros em Rondônia e na Paraíba. Nossa ação é para mais uma vez reforçar nossa disposição de seguir em luta, na memória dos companheiros tombados e na certeza de que é preciso garantir vida digna, com a distribuição de terra e de riqueza, para o povo pobre desse país”, afirmou José Roberto.
Durante toda a manhã as rodovias devem seguir paralisadas pelos camponeses e camponesas, marcando o início da Jornada Nacional de Luta por Reforma Agrária em Alagoas.
Durante o bloqueio das rodovias, os Sem Terra também fazem a defesa da democracia e posicionam-se contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Parte dos que conduzem o golpe dentro do parlamento, tiveram suas campanhas financiadas pelo agronegócio, o mesmo que continua matando trabalhadores e trabalhadoras rurais em todo o país”, afirma Débora Nunes da Coordenação Nacional do MST.
Eldorado dos Carajás
No dia 17 de abril, faz 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás. Na ocasião, 21 Sem Terras foram assassinados durante uma manifestação em Eldorados dos Carajás (PA). O coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira, que comandaram o massacre, foram presos apenas 16 anos depois, em maio de 2012.
Os 155 policiais militares executores diretos do massacre foram absolvidos - e alguns deles promovidos durante o Governo Ana Júlia (PT-PA). O então governador do estado do Pará, Almir Gabriel (que morreu em fevereiro de 2013) e o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, não foram indiciados.
