Brasil

Sete frases de Eduardo Cunha no depoimento à Lava Jato

07/02/17 - 20h51
Reprodução

Preso desde 19 de outubro de 2016, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestou depoimento nesta terça-feira (7) à Justiça Federal do Paraná no âmbito da Operação Lava Jato.

Em audiência com o juiz Sergio Moro, o peemedebista leu uma carta em que disse ter um aneurisma e reclamou da falta de tratamento na prisão onde está detido, o Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR).

O ex-presidente da Câmara dos Deputados foi interrogado como réu em uma ação penal em que é acusado de ter recebido R$ 5 milhões em propina em suas contas na Suíça.

O dinheiro é referente à aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

Parte dos recursos foi repassada para Cláudia Cruz, esposa de Cunha, de acordo com o Ministério Público. A transação teria sido feita em troca da Diretoria Internacional da estatal, da cota do PMDB.

Logo no início do depoimento, Cunha questionou a ordem das perguntas adotada por Moro, ao ser questionado sobre as contas no exterior.

“Vou esclarecer tudo, vossa excelência. Só peço que o senhor pudesse ter uma ordem lógica porque a denúncia não trata somente sobre isso. Estou sendo acusado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas (...) Se vossa excelência quiser eu posso começar por aí, mas eu preferia uma ordem lógica para responder tudo.”

O ex-deputado reclamou de não ter sido chamado para depor em nenhuma ação penal anteriormente e reclamou quando Moro disse que agora era sua chance.

Talvez um pouco tardia né porque efetivamente agora há elementos que não podem ser feitos provas pelo momento processual. É claro que os advogados vão solicitar (a aceitação de novas provas), mas se o inquérito fosse feito corretamente e não fosse uma coisa política, certamente poderia ter sido esclarecido.

Ele também nenhum irregularidades ao indicar Jorge Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobras.

Eu tenho dificuldade de entender que houve um ato de corrupção. O Zelada não participou das reuniões (...) na medida que a gente não tem ato de corrupção é muito difícil falar em lavagem de dinheiro.

E voltou a reclamar da atuação da força-tarefa da Lava Jato.

Estou aqui visando inclusive a minha defesa futura porque estamos num processo em que a condenação parece já estar decidida e a gente está apenas cumprindo uma mera formalidade processual.

Cunha reclamou ainda das condições em que está preso e alegou estar com uma aneurisma na cabeça similar ao que levou à morte de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula.

Eu também sofro do mesmo mal que acometeu a ex-primeira-dama Marisa Letícia, aneurisma cerebral. Aproveito para prestar minha solidariedade para a família pelo passamento (...) O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se alguém passar mal. São várias as noites em que presos gritam sem sucesso por atendimento médico, que não são ouvidos pelos poucos agentes que ficam à noite.

Ao final, o ex-deputado aproveitou para pedir o fim de sua prisão preventiva e classificou as investigações como políticas.

Estamos em um processo político aqui. Empresas estrangeiras são poupadas de responsabilização enquanto empresas brasileiras pagam bilhões no exterior, além da perda de mercado (...) As punições não poder ser seletivas e poupar os corruptores internacionais.

Teve também um recado para quem achou que o peemedebista ficaria calado atrás das grades.

Não é a minha prisão que vai me impedir de elencar as minhas opiniões. Que os verdadeiros culpados sejam punidos.