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Olhos bem fechados, nove mulheres caminham em direção ao mar pela areia onde há pouco faziam uma aula de ioga. Água pelas canelas, elas avançam sempre de mãos dadas e se aproximam da arrebentação.
Não é preciso enxergar para pressentir a primeira onda.
Uma se desgarra. Agora, elas são oito. Água pela cintura, continuam mar adentro. De repente, param, entreolham-se. Juntas, elas se entregam, vencem o receio, as ondas quebrando no peito, os olhares curiosos.
hora de fazer uma saudação em grupo.
Estão prontas para correr de volta à praia, pegar suas pranchas e cair no mar.
O sol vai alto numa manhã de quarta-feira de janeiro, na praia da Baleia, litoral norte de São Paulo, quando as mulheres, entre 16 e 43 anos, vestindo suas lycras e com os leashes [corda que liga à prancha] presos aos tornozelos, começam a se lançar às ondas.
Elas, que saíram de casa com o dia ainda nascendo, pegaram a estrada por diferentes motivos. Algumas para meditar, se aceitar, vencer seus medos ou só para ficar de pé em uma prancha. Outras, pelo pacote completo.
No final, o objetivo é o mesmo: despertar a consciência de que elas, que não são atletas e não têm experiência no mar, entre muitas outras coisas também podem surfar.
Até droparem alguma onda de verdade pode levar um tempo, mas o caminho até lá -e a transformação quando se chega- é o que conta.
"Surfar é como a vida, cara. Você vai se matar de remar e não vai ter garantia que vai pegar a onda. Se pegar, vai ter que lutar para ficar em pé. Nunca depende só de você", diz a professora de alimentação consciente e vegana Mariana Serrano, 37, enquanto, da areia, acompanha as amigas no mar.
Há cerca de um ano, essa experiência na Baleia é totalmente feminina. Idealizada pela empresária Dalila Foti, 36, foi batizada de Spirtual Surf e reúne em viagens ao litoral paulista surfe, ioga e sessões de thetahealing -uma técnica de meditação e autoconhecimento que ajuda a destravar os participantes a partir da busca por verdades cristalizadas no subconsciente, diz Dalila.
"Não aceitamos homens porque a ideia é que elas interajam, se soltem e façam conexões. Se tivesse um marido, um namorado junto, poderia atrapalhar esse processo."
Mesmo para ela, que começou a surfar cedo, a ideia de levar as meninas para a água e destravar medos e inibições também foi terapêutico. Ainda adolescente, uma experiência ruim no mar a manteve longe das ondas até a idade adulta. Um dia, resolveu que já era hora de vencer o trauma, chamou um amigo para ajudá-la e voltou ao surfe.
Daquele ponto até transformar o sonho de viver sobre as ondas em uma empresa foi um pulo. Inspirada em acampamentos de surfe em que a ioga está presente, e em sua própria experiência, Dalila uniu o útil ao agradável. Criou as viagens de três dias (de sexta a domingo) ao litoral norte em que, além de aulas de surfe, oferece estadia -ela tem uma casa na Baleia-, alimentação completa, sessões de ioga e thetahealing pós-mar.
Para isso, cada surfista desembolsa R$ 1.280. O requisito mínimo é saber nadar.
Experiências semelhantes podem ser encontradas no Brasil e no exterior. Algumas delas são mistas e, além da ioga, unem ao surfe o kitsurfe e o jiu-jítsu.
As "trips" de Dalila deram tão certo que um grupo de frequentadoras assíduas se formou. Letícia Moreira, 29, executiva comercial de uma multinacional é uma delas. Mais do que vencer as ondas, colheu resultados inesperados.
"O surfe foi o esporte que mais me ajudou com a ansiedade, comecei a ter paciência e resiliência. No momento de desespero é quando mais preciso ter calma, respirar e me concentrar no que vou fazer. Parece simples, mas no dia dia, ainda mais para a área comercial, é uma arte ter paciência e pensar antes de agir", diz.
As histórias que se equilibram nas pranchas de Dalila vão além. Mulheres que sofreram abuso sexual, traições, relacionamentos tóxicos e problemas de autoestima encontraram no surfe um esporte que oferece mais do que condicionamento físico.
Naquela dia de janeiro, a fisioterapeuta Renata Maria Barbosa, 43, resolve vencer o medo e subir numa prancha pela primeira vez.
Ao seu lado, um professor de surfe que auxilia Dalila entra no mar, segura sua prancha, ajuda-a a vencer a arrebentação. Quando a primeira onda vem, Renata trata de remar. A fisioterapeuta tenta se levantar, mas não há mais tempo, é engolida pela água.
A cena se repete por cerca de meia hora, até ela desistir. Cabisbaixa, está quase na praia quando encontra Dalila. "Não deu, fiquei nervosa e não consegui", diz Renata. Antes que pudesse pisar na areia é convencida a tentar de novo. Novas quedas se sucedem até que, finalmente, ela consegue ensaiar um equilíbrio. Seu dia de surfe está ganho.
"Todas estão lá com o mesmo objetivo: surfar, dando força e torcendo uma pra outra, vibrando quando uma fica de pé na prancha, nem se for por alguns segundos. Foi isso que me fez vencer o medo", diz.
Algumas meninas penam para se equilibrar, outras já estão dropando, mas ainda têm o que aprender, como não cortar a onda de quem estiver em uma posição melhor e respeitar o mar e fugir das correntes de retorno que podem puxá-las para longe.
Enquanto isso, Mariana tirou a manhã de sol forte para a ioga e para observar o mar. "O surfe é o esporte mais espiritual com que já tive contato. Ele me ensina a entender a vida, a ter paciência quando preciso esperar a onda certa", diz.
Sentada sob o guarda-sol, ela reflete sobre a prática. "O surfe me ensina a ser humilde quando a onda vem pro outro e não pra mim, me ensina, passando a arrebentação, que meus problemas são do tamanho do grão de areia, e meu único desafio é estar no aqui e agora e passar as ondas pra chegar no outside [onde elas quebram]", afirma.
É hora de ir. As nove mulheres deixam a praia mais conscientes do que são capazes.