Brasil

Suspeito de matar a própria mãe queria dinheiro para vida de luxo, diz MP

UOL | 10/06/21 - 07h57

O bacharel em direito Bruno Eustáquio Vieira, de 23 anos, suspeito de matar a própria mãe Márcia Lanzane, de 44, teria praticado o crime porque a vítima teria se negado a arcar financeiramente com seus gastos com luxo e lazer, em Guarujá, litoral paulista. A afirmação está em denúncia protocolada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

A ação penal ainda não foi aceita pela Justiça. Bruno está com mandado de prisão preventiva em aberto. A defesa dele nega as acusações do MP e sustenta que o bacharel em direito não se entregou porque não foi notificado.

O crime contra Márcia Lanzane, diz a investigação, ocorreu em 22 de dezembro do ano passado dentro da casa da família. Bruno era filho único. Ele teria esganado a mãe após uma discussão e publicou mensagens de luto nas redes sociais, o que causou revolta nos demais parentes da vítima.

UOL teve acesso à denúncia do MP contra Bruno. Nela, a 5ª Promotoria de Justiça de Guarujá afirma que o bacharel em direito passou a pressionar a mãe para que bancasse seus gostos. Um deles seria o curso de medicina, o que seria inviável, pois Márcia trabalhava como auxiliar administrativa.

"O denunciado não tinha a intenção de trabalhar, passando a pressionar a genitora para que arcasse com um curso de medicina em que pretendia se inscrever. Exigia da genitora, ainda, bens materiais e dinheiro para seus gastos com o lazer", diz trecho do documento, assinado pelo promotor Renato dos Santos Gama.

A investigação chegou à motivação após oitivas de testemunhas, entre parentes e amigos do suspeito e da vítima.

"[Bruno] queria determinar à genitora que alugasse ou vendesse o imóvel da família, situado em zona de baixa renda da cidade, e alugasse outro em região nobre, para que pudesse receber os amigos sem se sentir humilhado, conforme dizia", afirma o MP.

Mãe e filho passaram, então, a ter constantes discussões sobre a destinação do imóvel, já que Bruno pretendia vender ou alugar para sair do local. Para acalmar os ânimos, Márcia chegou a comprar uma moto para ele.

O advogado Anderson Real, que atua na defesa de Bruno, comentou ao UOL que as acusações do MP não estão comprovadas.

"São ilações do MP porque em nenhum momento ficou comprovado algo nesse sentido. Houve a investigação e não existe documento que prove a vinculação do crime com motivações financeiras. Surgiu a hipótese de um seguro de vida, mas isso também não se comprovou", afirma.

Filho matou mãe e dormiu com o corpo dentro de casa, diz MP

No dia do crime, Bruno comentou com familiares que a mãe morrera em decorrência de um acidente. Em seguida, confessou à Polícia Civil que a esganou, porém sem levá-la a óbito.

Com base em imagens da câmera de segurança de dentro do imóvel e laudo do IML (Instituto Médico Legal) que atestou asfixia como a causa da morte, a acusação sustenta que Bruno tirou a vida da mãe e dormiu com o cadáver dentro de casa para simular um acidente no dia seguinte.

"O denunciado surpreendeu a mãe a arremessando ao solo. Em seguida, passou a esganá-la até que não mais esboçasse reação. Sentou no sofá e assistiu televisão. Passado algum tempo, retornou ao corpo para certificar-se a morte. Por último, desligou as luzes da casa e foi dormir. Na manhã seguinte, o denunciado deixou o imóvel e, ao retornar, simulou desespero ao encontrar o cadáver, efetuando ligações telefônicas", concluiu.

O MP acusa Bruno de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Segundo o advogado do acusado, Bruno não sabia do falecimento da mãe após a discussão entre ambos, por isso teria ido dormir.

"Ele alega que não sabia do falecimento da mãe na noite da discussão. O Bruno diz que a mãe estava viva depois da briga, conversou e deu boa noite antes de dormir", diz Real.