Maceió

'Tenho dúvidas se vai prosperar sem uma forte pressão social', alerta cientista sobre pedido de bloqueio de R$ 6,7 bilhões da Braskem

Redação TNH1 | 08/04/19 - 12h44

Na busca por explicações sobre o fenômeno que tem tirado o sono dos moradores do bairro do Pinheiro e região quanto mais informação, melhor. 

E nesse domingo, 07, o Programa Ricardo Mota Entrevista, da TV Pajuçara, trouxe uma conversa esclarecedora com o biólogo José Geraldo Marques, um nome importante nessa discussão. Marques além de cientista e morador do Pinheiro, foi secretário Executivo de Controle da Poluição, uma pasta semelhante às atuais secretarias de meio ambiente, no final da década de 1970, quando a então Salgema, atual Braskem, foi implantada em Alagoas.  Os estudos do professor são uma das evidências usadas para embasar a ação cautelar impetrada pelo Ministério Público Estadual e pela Defensoria Pública para pleitear na Justiça o bloqueio de quase 7 bilhões de reais da Braskem.

Na entrevista a Ricardo Mota, José Geraldo traz subsídios importantes para a discussão sobre o fenômeno que causou um tremor de terra no bairro em março de 2018, deixando um rastro de fragilidade no solo, rachaduras em imóveis e uma séria ameaça à segurança da população.

1º BLOCO: Na primeira parte da entrevista, o professor diz que a então Salgema foi instalada sem o aval da secretaria de Controle da Poluição.

“Na época não havia licenciamento ambiental, mas carecia de autorização da Secretaria, que nunca foi dada.  Eu disse, enquanto estivesse na secretaria, não assino o aval”



“A ideia desse novo Pinheio tem que ser bastante questionada. Isso pode ser um artificio para não indenizar, pois pode desapropriar por interesse social".


2º BLOCO: continuando a entrevista a Ricardo Mota, José Geraldo Marques, diz vai mais direto às possíveis causas do “afundamento” do bairro. Segundo ele, informações científicas apontam para o fenômeno da “coalescência”, que significa aderência junção.

"Exste um padrão de 100 metros de distância entre as minas. São cavernas gigantescas, imagine se uma caverna se junta com outra.  Num encontro no Crea, um representante da Salgema disse a plenos pulmões que já há minas que sofreram coalescência. Os buracos se juntaram lá embaixo".



BLOCO 3 - no terceiro e último bloco, o professor lança uma preocupação. Segundo ele, uma proposta que começa a ser levantada seria o de transformar o Pinheiro em uma Área de Proteção Ambiental (APA).  

Sobre a ação cautelar que pede o bloqueio de R$ 6,7 milhões da Braskem., ele é taxativo. "Torço para que prospere, e tenho dúvidas se ela prosperará sem uma forte pressão social". 

"Se é crime ambiental, há criminosos; se há criminosos devem ser responsabilizados".

"Se chegarem a dizer que são causas naturais, será a primeira suspeição de laudo fraudulento. Causas naturais ninguém será idenizado".