Polícia

‘Tribunal do crime’: família acredita que jovem pode ter sido morto como punição por delitos

Dayane Laet com TV Pajuçara | 28/08/18 - 08h33
Moradores do Trapiche protestaram por conta do desaparecimento do adolescente | Reprodução / TV Pajuçara

A suposta existência de um “Tribunal do Crime”, na região da orla lagunar, em Maceió, tem tirado o sono de amigos e familiares de um adolescente de 16 anos, sequestrado na manhã dessa segunda-feira (27), no Mercado da Produção, bairro da Levada. A família acredita que o jovem já esteja morto e que foi vítima do julgamento dos próprios criminosos, que costumam decidir quem será ou não punido, baseado na conduta de cada um.

Durante a noite de segunda, os moradores da região bloquearam a principal rua de acesso ao bairro Trapiche da Barra, onde o rapaz vive com a família, para chamar a atenção das autoridades.

O irmão do jovem desaparecido, que preferiu manter-se no anonimato, contou à equipe de reportagem da TV Pajuçara que o adolescente saiu de casa de manhã cedo, acompanhado pelo cunhado, em direção ao Mercado. Eles pretendiam vender cobre, a pedido do pai do garoto.

“Meu cunhado contou que dois homens armados obrigaram eles a entrar em um carro e que depois foram levados até a Brejal, e, em seguida, para a favela da Muvuca. Lá, eles receberam ameaças e coronhadas”, contou o rapaz. “Eles disseram que os dois estavam cometendo crimes na região e que iriam pagar por eles. Depois, pediram os celulares e começaram a olhar as redes sociais dos dois”, completou o familiar.

Ainda de acordo com o relato de parentes, após a sessão de tortura e verificação das redes sociais das duas vítimas, a dupla decidiu liberar o cunhado do adolescente por achar que ele “é trabalhador e não bandido”. O cunhado voltou para casa e, mesmo ferido, contou o que tinha acontecido. A família decidiu pedir ajuda da polícia.

“Já recebemos informações de que nosso irmão teve a orelha cortada, depois que ele teria sido queimado vivo. Isso também é uma tortura para a família”, desabafa o irmão. “A gente acha que confundiram ele com outra pessoa, porque se ele estivesse roubando ou praticando algo de errado, saberíamos”, lamentou.

A polícia esteve no local e negociou a liberação da via pelos manifestantes. Ainda não se sabe qual delegacia irá investigar o desaparecimento do adolescente.