A criminalização da opinião
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Texto de Cláudio Magnavita, diretor de redação do Correio da Manhã:
“Uma publicação na coluna do conceituado jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, apontou que empresários defendiam “um golpe” no caso da eleição do presidente do PT. Rigorosa na apuração, a coluna procurou ouvir as duas partes. Erra a matéria na chamada sensacionalista ao sugerir que os empresários estavam em conluio contra o regime democrático. Pelo contrário, estavam exatamente exercendo o direito democrático de opinião em um grupo fechado, o qual aquela coluna diz ter acompanhado durante semanas.
Existe até hoje no Brasil uma espécie de ‘mea culpa’ por ser de direita. As manifestações de opinião e posições políticas só são válidas para a esquerda. Quem está mais à direita ou ao centro sofre policiamento constante e ataques por qualquer posição mais pública.
O caso em tela revela a posição pessoal de dirigentes empresariais, e não de suas empresas ou dos seus negócios, muitos deles florescidos no governo do PT ou do PSDB. Apoiar Jair Bolsonaro ou um outro candidato mais à direita não é pecado. Ter repulsa a um governo que pilotou o maior escândalo de corrupção planetária, o da Petrobras, também não é pecado.
Como também não é pecado ser empresário, como a grande parte dos jornalistas militantes da esquerda tenta carimbar. O próprio site Metrópoles pertence ao exitoso empresário do ramo imobiliário, o ex-senador Luiz Estevão, e que investe pesado nesta mídia on-line, pagando rigorosamente em dia os melhores salários da imprensa brasileira. Graças a este empresário, que já teve engajamento político, muitos colegas estão empregados em um setor em crise.
O que o jornalista “flagrou” foi cidadãos e eleitores exercendo sua cidadania, dizendo apenas suas preferências de opinião. Isso é bem diferente de financiar ou participar de um golpe, como alguns setores produtivos fizeram em 1964, ou no impeachment da Dilma.
Este sensacionalismo que beira ao patrulhamento é perigoso quando parte do STF, ao aplicar duras penas contra parlamentares que teriam o direito constitucional de opinar. Este cerceamento da liberdade de expressão é antidemocrático. Uma das frases mais conhecidas do filósofo Voltaire é: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la“.
Estamos vivendo um Brasil patrulhado, onde a possibilidade do atual presidente conquistar um novo mandato nas urnas tem acirrado os ânimos. Que mais empresários exerçam a cidadania e defendam as ideias que acreditam. A democracia é a convivência das diferenças e devemos respeitar quem cria empregos e distribui renda.
Ser condenado publicamente por distribuir bandeiras do Brasil no bicentenário da nossa independência não pode ser criminalizado como ato antidemocrático. Aliás, na data, o Correio da Manhã irá encartar na sua edição uma bandeira brasileira. O Brasil tem quebra-mar acima destas picuinhas intimidadoras.”
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