Maceió

Vídeo: 'deboche' com estátua de Aurélio Buarque na orla de Maceió viraliza e causa revolta

João Victor Souza | 15/03/21 - 12h14

O vídeo de uma brincadeira para lá de sem graça com a estátua do lexicógrafo (dicionarista) alagoano Aurélio Buarque de Holanda, na orla de Ponta Verde, repercutiu nas redes sociais nesse fim de semana. As imagens mostram um grupo de jovens cantando uma canção e, com tom de deboche, "agredindo" a escultura.

Assista:

"O velho, o bichinho está triste, olha", disse uma jovem. Em seguida, outro jovem, sentado ao lado do monumento, dá um sequência de tapas no rosto da estátua. 

Em conversa com o TNH1, a historiadora Carmem Lúcia Dantas repudiou a atitude do grupo. "Eu tenho pena deles, são uns tolos, babacas. A imagem do mestre Aurélio é acima do que eles possam imaginar em termos de valorização ao Estado. Uma atitude como essa me deixa super triste, mas o sentimento maior é de pena. Falta sensibilidade, falta educação, são uns bárbaros", criticou.

"Eu conheci o mestre Aurélio, tive uma boa relação com ele, tivemos muitos papos. Além de ser um intelectual, ele era uma figura humana maravilhosa. Tenho boas lembranças dele. Se ele estivesse vivo e presenciasse isso? Com ele ou com qualquer outro grande da história alagoana? Tenho certeza que teria o mesmo sentimento que eu, de pena", continuou Carmem Lúcia.

Apesar de ter sido um desrespeito com a vida e obra de Aurélio Buarque, o ato não é considerado vandalismo, pois não houve destruição ou danificação do monumento. O termo ainda inclui danos à propriedade, como grafite e desfiguração direcionada a uma propriedade sem a permissão do dono, geralmente sem motivo aparente ou com propósito de causar ruína.

Eternizado na história alagoana

Aurélio Buarque de Holanda, o filho mais ilustre de Passo de Camaragibe, foi lexicógrafo, professor, tradutor e crítico literário. Foi o autor do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e membro ("imortal") da Academia Brasileira de Letras.

A estátua em sua homenagem foi inaugurada em Maceió em novembro de 2015. Meses depois, ela teve parte da estrutura danificada, com o óculos que o dicionarista segurava em suas mãos sendo quebrado.

A obra do escultor mineiro Léo Santana foi confeccionada à época em virtude da programação dos 200 anos de Maceió.