Brasil

Vídeo viraliza ao mostrar PM apontando arma para casa onde crianças faziam de aula de dança

G1 | 27/07/22 - 08h13
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um vídeo que mostra um policial apontando uma arma para o local onde crianças participavam de uma aula de balé na comunidade da Providência, no Centro do Rio, foi muito compartilhado nesta terça-feira (26) nas redes sociais.

Enquanto uns questionavam se o vídeo não seria parte de uma gravação, outros refletiam sobre o impacto da atuação do Estado no cotidiano da favela. Houve também quem defendesse o trabalho do policial militar, que atua na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Providência. 

Veja:

“Sério que isso é real? Eu realmente pensei que fosse uma encenação”, disse um homem.

“A infância e a juventude da favela na alça de mira”, refletiu um professor e pesquisador.

"O nome disso é varredura, só porque tem uma criança o policial tem que virar as costas e ficar vulnerável? Como se os traficantes já não andassem armados nesse lugar todo dia", argumentou outro internauta.

Vídeo antigo - O vídeo, segundo o guia de turismo Cosme Felipsen, morador da comunidade, não é recente. Ele afirma, no entanto, que cenas como essa se repetem corriqueiramente na região, mesmo em dias em que não há operação ou confrontos.

“Alí tem um bequinho estreito, que fica bem do lado da Casa Amarela, que é onde as crianças estão participando da aula de dança. A UPP fica perto dali e, quando os policiais passam, é comum que andem apontando, explica.

A situação é descrita como comum, mas nunca como "normal". Para Cosme, a atuação do Estado nas favelas pautada pela segurança pública e armamentos é falha e ineficaz.

“No início da UPP, tinham cerca de 200 policiais, mas o estado nunca mandou 200 professores. A escola e a Clínica da Família não são aqui em cima, mas a UPP é. Não temos aparelhos culturais ou de lazer no alto do morro, temos policiais e armamentos.”

Para Cosme, que também é coordenador do SOS Providência, a cena evidencia uma lacuna que não foi preenchida pelo poder público.

“O vídeo é agressivo porque tem um homem forte, robusto, com uma arma apontada para um monte de crianças envolvidas na cultura. E a gente cansa de ver isso e sabemos que não existe paz com armas”, lamenta.

O editor-chefe do Voz das Comunidades, Rene Silva, compartilhou o vídeo em suas redes sociais e também disse ter apurado com lideranças que as imagens não são de agora.

“Essa é a realidade do Brasil. Um fuzil apontado para a potência, juventude, cultura e o futuro do país”, comentou Rene.