Brasil

Relatos de violência contra a mulher quase triplicam no Carnaval

| 13/02/16 - 14h02
Reprodução

Os relatos de violência contra a mulher quase triplicaram neste Carnaval, em relação ao período equivalente no ano passado. Um total de 3.174 mulheres telefonou para o Ligue 180 entre 1º e 9 de fevereiro deste ano, enquanto no feriadão de 2015 foram 1.158.

A pedido das denunciantes, mais da metade dos casos foram encaminhadas para autoridades policiais e Ministério Público. O tipo de violência mais comum foi a física, relatada em 1.901 casos, seguida pela psicológica, com 279. Também foram registradas queixas de cárcere privado, violência moral, violência sexual, violência patrimonial e tráfico de pessoas.

Embora o cárcere privado não seja a denúncia mais comum, o aumento deste tipo de violência no Carnaval deste ano, se comparado a 2015, é alarmante: 1.113%. Todos os outros tipos de violência também tiveram crescimento. As queixas de violência física e moral, por exemplo, mais que dobraram— e o número de agressões sexuais foi 147% maior.

Denunciantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia foram as que mais utilizaram o serviço telefônico gratuito, principal porta de acesso aos serviços que integram a rede nacional de enfrentamento à violência contra a mulher, sob amparo da Lei Maria da Penha. Os cinco Estados correspondem a 60% do total de denúncias ao Ligue 180.

De acordo com pesquisa feita pelo instituto Data Popular divulgada dia 6 de fevereiro, 61% dos homens acham que mulher solteira que pula Carnaval não pode reclamar de cantadas e 49% deles creem que os festejos de rua não são lugares para "mulheres direitas". Foram ouvidos 3.500 brasileiros maiores de 16 anos, em 146 municípios. "É uma naturalização do machismo", diz o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, lembrando que trata-se de assédio qualquer tipo de abordagem com a qual a mulher não concorde.