ESPECIAL TNH1: 10 DE NOVEMBRO DE 2018

                     GILSON MONTEIRO

Números graúdos – R$ 428,9 bilhões de faturamento/ 6,5% do PIB - e uma cadeia de serviços vital sócio e economicamente para a vida e sustentação de pessoas, patrimônios e negócios fazem da indústria do seguro parte importante na cadeia produtiva e econômica do país. Mas esse mercado em expansão passou a exigir dos profissionais que integram essa engrenagem um lastro de conhecimentos teóricos, jurídicos e de gestão financeira que vai além dos manuais técnicos da área.  

O setor, que emprega mais de 150 mil brasileiros, começa a substituir a figura do “bom e velho vendedor de seguros” – peça fundamental dessa indústria - pela do consultor especializado, um profissional que analisa perfis de consumo, necessidades e tendências. E para isso, há cada vez menos espaço para o improviso, é necessário técnica, pesquisa, conhecimento científico. 

E precisa estudar tanto para ser corretor?  O questionamento foi também o ponto de partida desta reportagem. Habituado ao amigo corretor com uma pasta na mão e muito poder de persuasão na cabeça, o leitor deve estar se fazendo a mesma pergunta.

A resposta, o portal TNH1 foi buscar entre os profissionais do mercado e na Escola Nacional de Seguros (ENS), referência no setor. E descobrimos um mundo de conhecimento que já alcança cursos de graduação, MBA, estudos no exterior e apoio à pesquisa científica que, juntos, se mostram capazes de preparar um profissional corretor à altura dos desafios gigantescos desse mercado.


DESBRAVANDO A QUALIFICAÇÃO

O curso de habilitação para corretor tem duração média de 9 meses. Além de conhecer os diversos tipos de seguro, o aluno, seja novado ou não no ramo, tem aulas como ética e gestão, ampliando a visão de mundo do aluno.

Mas quem quer se qualificar ainda mais para desbravar esse mercado, o caminho tem muitas opções indo de cursos técnicos, pós-graduação e até cursos no exterior.

Em entrevista ao Portal, o diretor acadêmico da Escola Nacional de Seguros, Mário Pinto, ressalta que, o salto da aprendizagem mais técnica para o universo do curso superior por uma exigência do mercado, e pela amplitude do mercado segurador.

“Os nossos cursos botam no mercado pessoas preparadas para lidar com uma infinidade de produtos, mas o mercado cresceu, o seguro hoje é um serviço que atinge diretamente pessoas e seus patrimônios. O seguro se expandiu, se globalizou, e para atuar nesse mercado você precisa ter conhecimentos amplos de gestão, de gerenciamento, de economia e mercado. Não há mais lugar para o improviso. Então as grades curriculares dos cursos de graduação, pós-graduação e MBA eles ampliam toda essa visão. O conhecimento é necessário porque o seguro não está mais restrito àquela noção de um produto à venda. É um serviço e para aplica-lo conhecimento e didática são necessários”, afirmou. 

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“Há 15 anos se fazia muito sucesso apenas com uma maleta na mão vendendo seguro de automóvel. Hoje temos um mercado competitivo, com a entrada de empresa estrangeiras, expansão da cartela de produtos e serviços, então é preciso visão gerencial do mercado e do negócio em que o corretor, ou outros profissionais do mercado estão inseridos”, enfatiza.

Muito além da habilitação

FORMADOR DE OPINIÃO – o Professor do curso de habilitação em Maceió, Alagoas, Christyano Barros, reforça a avaliação de Mário Pinto.

“Os cursos do setor de seguros não se resumem à parte da comercialização. Como todo curso da educação formal, coloca-se no mercado formadores de opinião. Seguro é algo muito série, lida com patrimônio, com o futuro das pessoas. É preciso muito conhecimento e visão de mundo para trabalhar com isso”, afirma o professor.


CURSO COM NOTA MÁXIMA NO ENADE: GRADE CURRICULAR EXTENSA 

Em 2017, o curso de Bacharelado em Administração (RJ) da ENS recebeu nota 5, avaliação máxima, no Enade, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. O mesmo curso ministrado em São Paulo também se saiu bem no índice, recebendo nota 4. 

O Enade é aplicado pelo Ministério da Educação, servindo de termômetro da qualidade do ensino superior no país.

E os cursos na área de seguros seguem à risca as amplas grades curriculares de diversos outros cursos superiores, mas têm destaque, como é de se esperar, para os conteúdos voltados para o setor.

“Os cursos de graduação e pós-graduação têm uma abordagem voltada para gestão, com uma visão generalista e aprofundamento de conhecimentos técnicos voltados para o mercado de seguros. Ou seja, a Escola disponibiliza um portfólio de cursos que atende a vários públicos, em função de suas necessidades, que possibilita a educação continuada dos profissionais do mercado de seguros”, explica a coordenadora da Unidade Pernambuco da ENS, Cristiana Noblat, em entrevista ao TNH1.

Veja no quadro abaixo um pouco do que se estuda nos cursos de graduação.


CENTRO DE PESQUISA INVESTE EM 3 LINHAS DE ESTUDO:

ACIDENTOLOGIA, PREVIDÊNCIA E INOVAÇÃO


E toda a produção acadêmica da Escola Nacional de Seguros já produz resultados no campo da pesquisa.

Criado em 2014 e mantido pela ENS, o Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) investe nas áreas de pesquisa, publicações e seminários, com foco nas pesquisas acadêmicas. Atualmente, o setor trabalha com três linhas de pesquisa: acidentologia, previdência e Inovação de Seguros.

Natalia Oliveira, economista do CPES da ENS, disse ao TNH1 que o setor já investe em financiamento de pesquisas, patrocinando alunos que têm estudos em áreas como previdência aberta.

“O programa de apoio à pesquisa organizado pelo CPES sofreu algumas alterações e hoje ele já patrocina alunos, mas também instituições de ensino. Estamos com bolsas de pesquisa com alunos. Um está pesquisando previdência aberta e o outro e propõe novas abordagens para o problema de seleção de carteiras com múltiplos períodos”, comemora a economista.

PARCERIA COM PUC E FGV - Ela destaca ainda o reforço de importantes parcerias com 5  instituições de ensino superior, entre elas a PUC-RJ e Fundão Getúlio Vargas. 

 “O CPES também está trazendo para o Ensino Superior pesquisas em forma de palestras e disciplinas o que vem sendo estudado sobre o mercado de seguro em grandes instituições de ensino no Brasil, como a COPPEAD - UFRJ, PUC Rio entre outras”, afirma.

São parcerias ainda do CPES a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FACC/UFRJ) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).

VENDEDOR NÃO, CONSULTOR!

Se o mercado mudou o protagonista do ramo de seguro é o maior agente dessa transformação. Aquele amigo corretor, dá lugar agora ao Consultor em Seguros. Todos os especialistas ouvidos pela reportagem falam em tom de advertência. Corretor não, consultor!.

O professor alagoano Christyano Barros é categórico:  “Nenhum cliente tem a obrigação de saber o que é seguro. Quem tem que saber, informar, é o profissional do setor. A nomenclatura corretor de seguros está entrando em desuso. Hoje formamos consultores de seguro. Que é o profissional que vai muito além do vendedor. Ele orienta, analisa perfis, indica opções, com base em seu conhecimento de mercado”, diz Barros, que leciona no Sincor/AL.

E Ramos alerta: “A exigência do mercado hoje é muito grande. O mercado de seguros muda frequentemente. O que era tendência há um ano hoje pode não ser. E para lidar com isso é necessário conhecimento”.

“Há 15 anos se fazia muito sucesso apenas com uma maleta na mão vendendo seguro de automóvel. Hoje temos um mercado competitivo, com a entrada de empresa estrangeiras, expansão da cartela de produtos e serviços, então é preciso visão gerencial do mercado e do negócio em que o corretor, ou outros profissionais do mercado estão inseridos”, afirma categórico, Mário Pinto, da ENS.

Edmilson Ribeiro, presidente do Sincor/AL, concorda que o mercado já não comporta a figura do velho “vendedor de seguros”.

“O mercado expandiu. É preciso acabar com a figura do vendedor. Hoje o profissional é um consultor, que é algo mais amplo, pois ele orienta, analisa perfis, entende de mercado. É preciso habilidade para atuar num mercado tão competitivo”, avalia Ribeiro.

“O Corretor que era preparado apenas para vender seguro de carro vai ficar para trás. O mercado acompanha as novas tecnologias, os serviços se expandiram, o público mudou e está mais exigente, com perfis distintos e necessidades distintas. Esse cenário agregou mais valor ainda ao seguro e ao trabalho do corretor”, enfatiza Ribeiro. 

'ALBUM DE FORMATURA':  COM A PALAVRA... OS CORRETORES 

Se os professores e gestores da Escola Nacional de Seguros garantem a qualidade do ensino, ninguém melhor para falar da importância e resultados da qualificação do que os próprios profissionais do mercado de seguros.  

No vídeo abaixo, corretores que estão cursando ou já concluíram curso pela ENS fazem suas avaliações sobre o aprendizado e o peso disso em suas carreiras.   Profissionais como Rafael Toscano, do Recife. Concluindo o curso em dezembro próximo, ele chama a atenção para o nível dos profissionais que lecionam. 

Janine Sampaio, corretora em Maceió, destaca a influência da qualificação em sua carreira. Mariana Valle, que assim como Toscano atua na capital pernambucana, ressalta a importância da profissionalização dos corretores.

Dê play e assista aos depoimentos:  



GRANDES NEGÓCIOS PEDEM GRANDES CORRETORES

Do celular ao carro, da casa à proteção contra a corrupção. O seguro se expandiu e hoje é possível segurar “praticamente de tudo”. E quanto maior o produto ou setor, mais o seguro passa a ser uma atividade que requer especialização.

O diretor acadêmico da ENS alerta que setores como o agronegócio e obras, por exemplo, requer grandes operações securitárias. Projetos que pedem profissionais qualificados.

“Novos produtos surgiram. E hoje o mercado de seguro lida com grandes obras, grandes projetos, e grandes riscos e tipos de sinistros dos mais variados. E muitos corretores não estavam preparos para isso, daí a necessidade dessa qualificação”, alerta o especialista.

A TRAGÉDIA DE MARIANA - E nessa linha de grandes operações, Pinto cita o caso da tragédia na cidade mineira de Mariana, devastada em 2015 pelo rompimento de uma barragem de mineração, com 18 mortos e imensas perdas materiais.

“Esse caso [ de Mariana], é um bom exemplo. Para lidar com uma operação daquela, uma conta daquela, um fenômeno daquele volume, não pode ser um profissional qualquer. É preciso ter experiência e qualificação”, analisa.

A estimativa do valor segurado total chega a R$ 2,25 bilhões, sendo R$ 2 bilhões para danos patrimoniais, R$ 250 milhões para RC e zero para danos ambientais.


TEMPOS MODERNOS: ESTUDANDO EM CASA OU NO EXTERIOR

Devidamente habilitado, o corretor ou outros profissionais do mercado de seguros podem buscar qualificação dentro dos seu perfil econômico e disponibilidade de tempo e localização.

É possível fazer desde cursos a distância na modalidade EAD; como ir buscar qualificação no exterior, mas precisamente em Londres.

Em parceria com o The Chartered Insurance Institute (CII) - instituição inglesa referência na  qualificação e profissionais para o mercado de seguros, resseguro e serviços financeiros – a Escola Nacional de Seguros promove o Programa de Treinamento no Exterior, voltado para o tema 'Os Processos Técnicos do Resseguro'.  Obviamente que o curso exige domínio da língua inglesa.

Jailson Santos, tão logo foi promovido a gerente de uma corretora em Maceió, no começo deste ano, correu em busca de qualificação.

“Fiz o curso de extensão em Gestão de Pessoas e Equipes, na Escola Nacional de Cursos.  Sou formado em administração, mas tão logo eu fui promovido a gerente  fiz um curso para me especializar, para me qualificar na gerência de pessoas e investir em meu desempenho”, explicou.

Estudando pelo celular – Jailson destaca a facilidade da didática do curso que fez, que foi na modalidade a distância.

“Foi um curso a distância, onde o material didático é de excelente qualidade, tudo muito prático, onde é possível acessar até esmo pelo celular ou tablet. O que é muito útil na correria do dia a dia”, comemora.


Em tempos de crise, qualificação a custo zero - Mas se o profissional não está com condições financeiras para investir, a qualificação pode começar a custo zero. A Escola Nacional de Seguros disponibiliza cursos 5 cursos gratuitos como Gestão de Mudanças e Iniciação em Seguros.

O gerente de corretora em Maceió, Alagoas, Jailson Santos, formado em administração mas que buscou aperfeiçoamento na ENS, é categórico.

“A qualificação serve para conectar mais o corretor de seguros ao cliente, num momento em que as exigências dos clientes são cada vez maiores, com uma demanda muito maior por proteção e precisa ainda mais de orientação. O cliente quer cada vez mais um atendimento personalizado”, afirma.

BAIXE GRÁTISUma ‘mãozinha’ para quem quer começar a aprofundar seus conhecimentos está na página da ENS na internet. Na Central de downloads é possível baixar gratuitamente textos, palestras, exames antigos e outros arquivos disponíveis. Tudo sem custo.

FAZENDO UM ‘TOUR’ PELA ESCOLA

A sede da Escola Nacional de Seguro fica no Rio de Janeiro, mas é possível fazer os cursos nas unidades espalhadas pelo país: São Paulo, Minhas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Brasília, Goiás, Bahia e Pernambuco.

Mas para quem ainda não conhece as unidades físicas, com uma 'mãozinha da tecnologia' é possível fazer um 'tour' pelas dependências. 

Abaixo você pode fazer um passeio virtual por uma das duas unidades do Rio de Janeiro, em 360 graus. São 4 andares onde você encontra além das salas de aulas, espaço aluno e a Biblioteca Ivan da Mota Dantas, com acerto formado por mais de 45 mil registros entre livros, artigos de periódicos, monografias, teses, relatórios e outros. A Escola integra, desde 2016 a Rede da Memória Virtual Brasileira da Biblioteca Nacional.

Em seguida, no vídeo, você também fica conhecento um pouco mais da ENS. Sejam bem vindos...