Futebol Internacional

Adiado por protestos, clássico entre Barça e Real tem histórico político

Folhapress | 18/10/19 - 18h21
Protesto em Barcelona na Espanha | Brazil Photo Press / Folhapress

Inicialmente marcado para o dia 26 de outubro no Camp Nou, o clássico entre Barcelona e Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol, precisou ser adiado em razão das manifestações recentes na Catalunha.

Ainda não há data para a remarcação do confronto. Os dois clubes já manifestaram o interesse de disputar o jogo no dia 18 de dezembro, e aguardam definição da federação espanhola.

A entidade havia sugerido realizar a partida no Santiago Bernabéu, em Madri, e inverter o mando da partida do segundo turno, o que foi recusado pelo Barcelona.

As ruas da capital catalã têm vivido clima tenso desde o começo desta semana. Partidários da independência da região estão manifestando seu repúdio à prisão de nove líderes do movimento separatista, condenados individualmente a 13 anos de prisão.

Há um protesto agendado para o dia em que deveria ocorrer o clássico, o que forçaria mudanças de logística da delegação do Real Madrid, além da preocupação com a segurança dos atletas e dos torcedores.

Existe um histórico relacionada à política no clássico. Em 2012, com seguidas manifestações pró-independência na Catalunha em virtude da crise na Europa, tornou-se célebre a manifestação de torcedores do Barça quando, aos 17 minutos e 14 segundos de cada etapa, gritaram "Independência!" -o tempo faz referência ao ano de 1714, em que os catalães perderam o comando independente de sua região.

Atualmente, porém, a temperatura dentro de campo não é tão intensa quanto tem sido nas ruas da Catalunha.

Visto de forma genérica por pessoas de fora da Espanha como um confronto entre espanhóis nacionalistas e catalães separatistas, o clima político tem sido tímido nos estádios. Até mesmo no Camp Nou, local historicamente mais politizado que a casa do rival, o Santiago Bernabéu.

"Há um nacionalismo catalão e um nacionalismo espanhol. Mas, entre os torcedores do clube, prevalece o futebol acima de tudo", disse José Ramón Casas, presidente da Penya Barcelonista do Centro Catalão de Madri e que mora na cidade desde 1970, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em março deste ano.

Nos jogos do Barcelona em casa, é comum ver nas arquibancadas as "senyeras", bandeiras catalãs.

Já no Santiago Bernabéu, as manifestações de hostilidade mais comuns são vaias e cantos direcionados ao zagueiro barcelonista Gerard Piqué, que não esconde seu desejo de se tornar um dia presidente do clube catalão.

No clássico de março deste ano, pelo Campeonato Espanhol, torcedores do Real chamaram Piqué de "separatista" e "defraudador". O defensor já se negou a responder em uma entrevista se é independentista ou não.

Desta vez, bem antes que a bola rolasse, a política influenciou no futebol com o adiamento da partida.