Polícia

Alagoanos voltam a ser vítimas de tentativa de extorsão com falsas acusações de pedofilia

TNH1 com Rádio Pajuçara FM Maceió | 17/02/21 - 10h22
Arquivo TNH1

Mais uma vítima de tentativa de extorsão procurou a Polícia Civil de Alagoas para registrar Boletim de Ocorrência contra um criminoso que já teria tentado aplicar golpes em alagoanos desde o ano passado. A suspeita é de que o esquema envolve um presidiário de Porto Alegre, que está recluso desde 2018. Mais pessoas teriam relação com o crime e já estariam sendo identificadas pelas autoridades gaúchas.

O modo de operação do suposto grupo é basicamente o mesmo: o golpista entra em contato com a vítima como uma mulher, por aplicativo de mensagem, e tenta seduzí-la. Logo depois, a "mulher" diz que é menor de idade e uma pessoa, na maioria das vezes se apresentando como pai dela, aterroriza a vítima, com ameaças de denunciá-lo para a polícia.

Em sequência, o homem se passa por delegado e afirma que a vítima tem que depositar uma quantia em dinheiro para solucionar a situação. Ele acrescenta que a família pede um acordo para não expor a menina, e caso tenha a negativa da vítima, um boletim seria registrado na delegacia e poderia ocorrer a prisão.

A vítima que denunciou hoje, identificada como Marcos Vinícius, disse em entrevista à Rádio Pajuçara FM Maceió, que foi acusado de pedofilia pelo suposto pai da menor, mesmo sem ter avançado nas conversas com a falsa jovem. Em seguida, ele recebeu mensagem do golpista já como delegado do município de Canela-RS, e foi pedido R$ 3 mil para o tratamento da adolescente fictícia. Após o depósito, a vítima seria liberada.

 "Primeiramente, comecei a ser agredido porque tentei me desconectar dele [com o pai da jovem], porque percebi que seria uma espécie de golpe, não tem ninguém no Rio Grande do Sul que eu tenha amizade. Sou pai de família, avô, e não faria isso, não é do meu comportamento", disse a vítima.

"Ele entrou no primeiro processo como uma menina, mas eu não dei conversa. E depois entrou com raiva, como um rapaz, já nessa violência. Dizendo que fui clonado, que eu sou um otário...", continuou.

Marcos afirmou que recebeu o contato do falso delegado hoje pela manhã e decidiu procurar a polícia. Áudios do suspeito, assim como imagens e prints das mensagens foram apresentados na Central de Flagrantes.

"O rapaz ficou com muita raiva porque não conseguiu dar sequência. Ele me ameaçou e falou que eu estava com o telefone clonado. Foi muito rude, muito violento nas palavras dele. Eu printei, salvei os áudios. Está tudo aqui. As fotos também, mas acho que não são verdadeiras. Aí hoje pela manhã, vem um delegado do Rio Grande Sul também me extorquir, pedindo R$ 3 mil, para que a menina, que não tive contato nenhum, fosse internada numa clínica", contou.

A vítima explicou ainda que o golpista inicialmente se apresentou como Yasmin, a jovem que tentou seduzi-lo, porém acabou sendo ignorado por ele. O nome do delegado usado pelo criminoso realmente existe, e também é do Rio Grande do Sul. Mas, o verdadeiro delegado já foi contatado e tenta provar que não tem envolvimento com o crime.

"Tive uma sensação de raiva, de impotência. O cara do outro lado do país extorquindo, inventando uma situação que não me cabe", lamentou Marcos.

A vítima foi orientada pelos agentes de plantão a procurar a delegacia de Fernão Velho para denunciar o crime.

Crimes contra alagoanos

Até novembro de 2020, três pessoas que moram em Alagoas haviam procurado a polícia para relatar o crime. Dezenas de casos semelhantes também foram registrados no Sul do país.

De acordo com o delegado Robervaldo Davino, à época, o criminoso estava recluso num presídio de Porto Alegre e inicialmente se passa por uma mulher para tentar seduzir a vítima por meio de aplicativo de mensagens.

Após ganhar a confiança dela, o presidiário envia fotos do corpo de mulher para o homem, sem mostrar o rosto. Logo depois, o golpista se identifica como menor de idade e, nesse momento, simula que o pai da jovem pegou o celular e começa a tentar extorquir o homem.

Davino confirmou que tanto ele quanto as outras duas pessoas que tiveram contato com o bandido não chegaram a ser extorquidas.