Saúde

Alagoas registrou 334 novos casos de hanseníase em 2018

Agência do Rádio Mais | 03/09/19 - 14h06
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Você costuma observar o aparecimento de manchas no seu corpo? E, quando elas aparecem, você fica preocupado? A artesã Maria José da Rocha, de 57 anos, moradora de Maceió, não precisou de mais do que uma mancha para identificar que poderia estar doente. 

A mancha era uma velha conhecida da hoje coordenadora do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MOHRAN) de Alagoas. Anos antes, ela acompanhou a luta do pai contra a bactéria causadora da doença. No primeiro momento, Maria José afirma que o sentimento foi de choque, uma vez que sabia que seria preciso enfrentar a infecção e também o preconceito.

“Nossa, foi um choque. Eu tive uma retrospectiva da minha vida todinha. Comecei a lembrar de tudo que o meu pai viveu, aí eu fiquei imaginando que eu ia passar tudo o que ele passou em relação ao estigma e ao preconceito. Surgiam conversas assim ‘é um castigo que ele está levando de Deus por ele estar com hanseníase’, e aí se afastavam dele. E alguns dos filhos que sempre visitavam ele, não visitavam mais, não deixava os netos ver ele, e aí ele sofreu bastante. Eu sabia que tinha cura, o problema é que eu não queria viver aquilo que o meu pai viveu”.

Apesar de ter se curado, o pai da Maria José só foi diagnosticado e tratado após uma grande evolução da doença e, por isso, hoje tem sequelas. Já a artesã fez um tratamento de seis meses e foi curada. As consequências são graves para quem demora a buscar tratamento, já que a hanseníase é uma doença crônica transmitida por uma bactéria que invade o sistema nervoso e se espalha pela pele do paciente. Por isso, aparecem manchas pelo corpo que podem evoluir até a deformidade de membros, caso não sejam tratadas corretamente.  

Apenas no ano passado, Alagoas registrou 334 casos novos da doença, 50% deles na forma mais avançada. Por isso, a preocupação da Secretaria de Saúde é sensibilizar a população para identificar os sintomas precocemente. É o que alerta a assessora técnica da Gerência e Controle das Doenças Transmissíveis, Rafaela Siqueira Campos.

“Nós estávamos focados no diagnóstico precoce para que a população conseguisse identificar o que seria uma macha suspeita para a hanseníase. Quais são as características dessas manchas? É uma mancha com perda de sensibilidade, uma ou mais manchas na verdade, que pode ser avermelhada, amarronzada ou esbranquiçada... Mas onde há perda de sensibilidade, né? Não total, às vezes parcial, às vezes muito pouco, mas uma vez que houvesse essa suspeita, a pessoa deveria procurar uma Unidade Básica de Saúde mais próxima e relatar essa queixa para que a mancha fosse avaliada”.                      

É importante lembrar que assim que os pacientes começam o tratamento, eles já não transmitem mais a doença. Por isso, o importante é ficar atento aos sinais do seu corpo. Ao surgimento de qualquer mancha que tenha a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, ao calor ou frio, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de sequelas. A Hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. Por isso, não esqueça: identificou, tratou, curou. Para mais informações acesse saúde.gov.br/hanseníase.