Alagoas

Alagoas tem previsão de chuvas abaixo da média até fevereiro de 2016

30/11/15 - 16h34

Alagoas tem previsão de chuvas abaixo da média até fevereiro de 2016 (Crédito: Assessoria)

Alagoas tem previsão de chuvas abaixo da média até fevereiro de 2016 (Crédito: Assessoria)

O Estado de Alagoas deverá registrar um volume de chuvas abaixo da média pelo menos até o mês de fevereiro de 2016. A previsão foi apresentada nesta segunda-feira (30) pela pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Cemaden/MCTI), Anna Bárbara Coutinho de Melo, durante o workshop que apresentou as condições climáticas para a região nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

O encontro, promovido pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeal), reuniu secretários municipais, empresários, técnicos e produtores rurais preocupados com os efeitos da estiagem em 2016.

Segundo a pesquisadora do Cemaden/MCTI, o clima brasileiro de forma geral vem sofrendo, desde março deste ano, os efeitos do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aumento da temperatura do Oceano Pacífico, causando alterações no Atlântico Sul. No Brasil, as consequências mais frequentes do fenômeno são o aumento do volume das chuvas na Região Sul e o agravamento da estiagem nas regiões do semiárido nordestino.

Anna Bárbara Coutinho afirma que não há previsão de chuvas no Estado até o dia 10 de dezembro. “A gente fez uma previsão climática que vai de dezembro a fevereiro, e ela indica que nós teremos uma condição de chuvas abaixo da média na área que vai do extremo Norte do Brasil até a região semiárida do Nordeste. Para o Leste, ainda não temos uma previsão porque o período de chuvas é mais adiante, mas a tendência é que nós tenhamos uma distribuição de chuvas irregular nesse período, com maior chance de ser abaixo da média no semiárido”, explicou a pesquisadora.

“Em 2015, a gente teve a evolução do El Niño. Ele está mais intenso que em outros anos, não tanto quanto em 1997 e 1998, mas contribuindo para o déficit de chuvas em boa parte do Centro-Norte do Brasil, inclusive a região Nordeste. Os sistemas não vão atuar como deveriam nesse trimestre e provavelmente teremos deficiência de chuvas. Pode até chover, mas não como o esperado”, disse Anna Bárbara Coutinho, acrescentando que a classificação do El Niño para 2015/2016 ficou entre “Forte” e “Muito Forte”.

Preocupação

Os dados apresentados no workshop desta segunda-feira preocuparam os produtores rurais presentes ao evento, mas não se configuraram como uma surpresa para o setor, como disse o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), Domício Arruda.

“O que foi mostrado foi o que a gente já vinha acompanhando pelos meios de comunicação. A situação é muito grave, principalmente na região do semiárido, na manutenção das atividades econômicas da pecuária de leite e da ovinocaprinocultura, que são o sustentáculo dessa região. Hoje, os produtores enfrentam uma dificuldade muito grande e isso tende a agravar, pelas altas temperaturas que estão sendo verificadas a curto prazo. Esse encontro serve de alerta para os produtores rurais e para o Governo do Estado para que, por meio de políticas públicas com o Governo Federal, possa diminuir o sofrimento dos produtores”, disse Arruda.

Providências

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Álvaro Vasconcelos, já estão sendo tomadas providências para que minimizar os efeitos da estiagem na produção agropecuária alagoana, garantindo a preservação dos rebanhos e a manutenção do homem do semiárido em sua região.

“Em 2015, já sabendo das dificuldades enfrentadas de alimentação dos rebanhos na estação mais quente do ano no semiárido alagoano, o Governo do Estado distribuiu uma quantidade maior de sementes para que o pequeno produtor fizesse a silagem e guardasse comida para os seus animais. Mas isso ainda é pouco. O El Niño vai ser muito forte e nós temos que dar uma complementação para que o produtor possa balancear a ração animal”, lembrou Vasconcelos.

“Com as informações passadas hoje, nós temos agora a certeza do que devemos desenvolver daqui por diante. Então, a próxima ação da Seagri junto à Defesa Civil vai ser a distribuição de bagaço de cana. Na semana passada, o governador Renan Filho já iniciou a distribuição de água por meio dos carros-pipa e a distribuição do bagaço de cana servirá para que o agricultor mantenha seu rebanho no período mais crítico do ano, até a volta do período chuvoso”, disse o secretário.

Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, major Moisés Melo, a distribuição de aproximadamente 9.200 toneladas de bagaço de cana adquiridas com recursos da ordem de R$ 900 mil oriundos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) deverá começar nos próximos 15 dias.

“O Governo do Estado já está atuando. Na semana passada, fizemos a contratação de 200 carros-pipa e nos reunimos com o Exército Brasileiro, garantindo mais 170 carros-pipa. Estaremos com todos esses veículos rodando já este mês. Então, no próximo trimestre estaremos levando água suficiente para toda a população do semiárido”, garantiu Melo.



Fonte: Assessoria