Mundo

Alemanha anuncia medidas contra a Turquia, após prisão de ativista alemã

20/07/17 - 16h04

A Alemanha afirmou nesta quinta-feira que tomaria novas medidas em resposta à repressão de Ancara a ativistas de direitos humanos, incluindo uma advertência sobre viagens à Turquia. Berlim e Ancara estiveram em desacordo em diversas questões, com um aumento das tensões após a prisão de uma ativista alemã em solo turco, sob controversas leis de terrorismo, que dão às autoridades turcas ampla margem de manobra.

"Temos que chegar a um realinhamento da nossa política em relação à Turquia", disse o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel. "Nós não podemos continuar como antes. Devemos ser mais claros do que antes para que aqueles que estão encarregados em Ancara entenderem que tal política terá consequências", disse. Para ele, as acusações contra a ativista alemã são infundadas.

Funcionários do governo alemão se reuniram para discutir possíveis ações contra a Turquia. Além da advertência contra viagens ao país, Gabriel disse que a Alemanha deve reconsiderar um programa que modifique os investimentos das empresas na Turquia.

A Alemanha é o principal parceiro comercial da Turquia e o maior mercado de exportação de produtos turcos. Existem mais de 6 mil empresas alemãs ativas em quase todos os setores da economia turca e cerca de 100 mil empresas turco-alemãs, que atuam no país, de acordo com as estatísticas de Ancara. A Alemanha exportou 21,9 bilhões de euros em bens para a Turquia no ano passado, e as importações da Turquia atingiram 15,4 bilhões de euros, de acordo com as estatísticas do governo alemão.

"As medidas contra a Turquia apresentadas pelo ministro das Relações Exteriores são necessárias e inevitáveis", comentou a chanceler alemã, Angela Merkel, em comunicado publicado no perfil do Twitter de seu porta-voz.

Na quarta-feira, Berlim convocou o embaixador alemão na Turquia para protestar contra a prisão da militante alemã. Um porta-voz de Merkel sugeriu que a disputa poderia custar bilhões de euros na assistência da União Europeia e que o bloco deveria reexaminar seus 4,5 bilhões de euros em ajuda à Turquia destinada a medidas para fortalecer a democracia.